Vindo do lançamento de ”Kind Of Blue”, o maior disco de Jazz da história, Miles Davis poderia muito bem ter entrado em sua zona de conforto e manter uma sequência regular e linear sonoramente falando. Gênio como era, ele resolveu suceder esse clássico com um disco bastante arriscado e totalmente diferente do anterior, ele entrou no estúdio ainda muito inspirado e lançou ”Sketches Of Spain”! Vem comigo entender o porquê dessa aposta de Miles.

Após assistir uma apresentação do dançarino de Flamenco Roberto Iglesias, Miles Davis se aprofundou no gênero e começou a estudar maneiras de colocar o estilo em sua música, tarefa que em teoria sabemos que Miles poderia cumprir com maestria.
Mais uma vez em conjunto com o gênio Gil Evans, Miles Davis desenvolveu um disco com totais influências espanholas aliada á muita coragem e competência nos entregou um disco forte, perfeito e lendário.
O disco funciona como se fosse uma apresentação, ele inicia com nada mais nada menos que ‘‘Concierto de Aranjuez”, logo nos primeiros segundos ouvimos castanholas juntas ao trompete clássico de Miles, é difícil explicar a sensação de ouvir esse álbum, nesta abertura faz parecer que o céu se abriu num fim de tarde de domingo nublado e algo vai sair de lá á qualquer momento para nos encontrar, algo muito grandioso, essa é a sensação que eu sinto toda vez que ouço essa abertura nos seus mais de 16 minutos. ”The Pan Piper” também é um ponto fortíssimo do disco, parece uma trilha sonora de filme clássico, um dos momentos mais climáticos que emenda rapidamente em “Saeta”, a minha favorita, o momento mais tenso do disco que te leva ao lugar mais profundo da sua alma.
Esse é o tipo de disco feito perfeitamente pra ser ouvido de fones á noite num ambiente aconchegante, é o momento ideal para pensar um pouco e ao mesmo tempo contemplar um dos melhores discos que o Miles e o Jazz já fizeram, ele prova mais uma vez que sempre pensou fora da caixa e anos á frente. Eu coloco esse disco na lista de discos obrigatórios para todo ser humano ouvir antes de morrer. É uma experiência quase que espiritual e merece muita a sua atenção! Vida eterna ao ”Sketches Of Spain”!
Nossa, você descreveu exatamente o que sinto ao ouvir esse disco, principalmente sobre The pan piper e Saeta. Em Will o’ the Wisp também tenho esta sensação de ser transportada para um filme. Parabéns pela resenha e obrigada!
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Fico muito feliz com sua participação, Camila! Que bom que você se identificou! Conto com sua participação e bem vinda ao Entre Acordes! Um abraço
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