O ano é de 1970, a década virou e os anos 60 passaram, muita coisa acontecia naquela virada dos anos 60 para o 70. A música tomava outra proporções, o fim dos Beatles balançava a cabeça das pessoas, Jimi Hendrix já era uma figura mais do que estabelecida, o King Crimson abria alas ao Rock Progressivo com o lançamento de ”In The Court Of The Crimson King”’ em 1969.
Resumindo, o mundo e a música mudavam de uma maneira muito significativa e os músicos de Jazz também notaram isso rapidamente e em 1969, Miles Davis lançou o disco que seria um embrião para o então inexistente gênero do Jazz Fusion, o excepional disco já comentado aqui no blog In A Silent Way. No ano seguinte, Miles entra em estúdio com a ideia mais amadurecida, aposta ainda mais em experimentação com instrumentos elétricos como a guitarra e lança um dos maiores discos da história ”Bitches Brew” que hoje completa 50 anos de seu lançamento.
Em Agosto de 1969, Miles Davis se reúne ao lado de um time de estrelas do Jazz com alguns ”esboços musicais” em mãos e muita improvisação para a gravação do disco. O disco exala feeling e o dom de todos os músicos envolvidos, em alguns momentos podemos ouvir pequenas orientações de Miles para os músicos, tudo de maneira muito crua e direta. A vibe do disco não poderia ser outra, é quase que uma experiência espiritual a audição dessa pérola.
Uma coisa é certa, ”Bitches Brew” não é um disco para fãs de primeira viajem, ele possui muitos elementos psicodélicos e difíceis. Ele foge completamente da onda melódica e ”cool” que fez Miles atingir o status que ele chegou. Mesmo com a inclusão de elementos do Rock e uma ou outra coisa mais pop, o disco requer algumas audições e uma certa bagagem para ”bater”. É uma verdadeira viajem sonora.
De fato é um disco primoroso desde sua capa, até cada uma de suas faixas Também é revolucionário tanto em termos musicais quanto em termos de gravação, ele é um marco na carreira do gênio Miles Davis, é o segundo passo que ele precisava para construir e popularizar de vez o Jazz Fusion. Apesar de fazer sucesso relativo logo após seu lançamento, nos dias de hoje o disco tem status de clássico e se enquadra num dos maiores discos de todos os tempos. Relembremos essa obra de arte nos 50 anos de seu lançamento!