Não seria nenhum exagero dizer que George Harrison possui a melhor discografia solo entre todos os outros Beatles. Mesmo sendo uma discografia não tão versátil e nem muito longa, ela emenda uma sequência de discos praticamente perfeitos nos anos 70, todos com uma assinatura e sensibilidade maravilhosa. E no ano de 1974, mais especificamente há exatos 45 anos, George lança um dos seus melhores discos, o belo “Dark Horse”.
Em meio a um turbilhão de acontecimentos como o lançamento de sua gravadora “Dark Horse Records”, o processo de separação com sua então esposa Pattie Boyd, problemas com o álcool e o cumprimento da agenda na sua única turnê da carreira, tendo que lidar com uma laringite que afetou sua voz em suas performances ao vivo e no desempenho em cada faixa do disco subsequente (oque na minha opinião não diminuiu a qualidade do disco). O álbum conta com muitos convidados, Tom Scott, Billy Preston, Willie Weeks, Andy Newmark, Jim Keltner, Ringo Starr, Gary Wright e Ron Wood.
A sonoridade do disco permanece basicamente na mesma essência, porém se algo mudou desde seu último trabalho (Living In The Material World), são flertes com o Soul e o Pop. O disco abre com ”Hari’s On Tour (Express)’’, um instrumental maravilhoso, a guitarra característica de George está mais do que presente. ”Simply Shady”, uma das faixas mais melodiosas do álbum, Harrison expõe seus excessos. Em ”So Sad” e ”Bye Bye Love”, os temas sobre amor e separação são o pano de frente. ”Maya Love” e ”Far East Man” são as melhores e mais sensíveis do disco. Entre elas, ”Dark Horse” deixa evidente os problemas de George com a laringite.
”Dark Horse” é um disco confessional. Apesar de poucas vezes ser lembrado quando o assunto é melhores discos de sua carreira, ele é de um nível alto, puro, cheio de belas canções e reflete um estado de decandência emocional que George enfrentou nesse período de sua vida. Recomendo demais que esse grande clássico seja revisitado, nos 45 anos de seu lançamento.