50 anos de ”Blind Faith”: A tentativa de Eric Clapton em emular a ”The Band”.

Neste mês, o disco ”Blind Faith”, completa 50 anos de seu lançamento.

Blind faith juntos

Nos anos 60, Eric Clapton se envolveu em muitos projetos, havia participado dos Yardbirds, do John Mayall & Bluesbreakers e do Cream. Em todos Eric teve problemas, nos Yardbirds, ele saiu porque notou que a banda caminhava por um caminho mais pop e longe do Blues que ele tanto idolatrava. Com o John Mayall, Clapton tinha pouco compromisso e a figura de ”Clapton is God”, não o deixava muito á vontade. No Cream ele dividira seu protagonismo com outros dois instrumentistas exemplares, ”Jack Bruce” e ”Ginger Baker”, mas aqui os constantes atritos entre os integrantes e personalidades fortes fizeram com que a banda acabasse.

No ano de 1969, Eric contacta um jovem talentoso que ele conhecera alguns anos antes, Steve Winwood que havia formado o Traffic é convidado para fazer parte de um novo projeto, a fomação ainda contaria com Ric Grech no baixo e seu antigo companheiro do Cream, Ginger Baker, nas baquetas.

Clapton havia expandido seus horizontes após descobrir o grande grupo canadense ”The Band”, foi então que ele encontrou inspiração para tentar emular uma ”The Band” na Inglaterra. Mas já sabendo que isso seria muito difícil, Eric dizia que se tratava de uma ”fé cega”, então o grupo é batizado com um nome bacana e até sincero, ”Blind Faith”.

blind faith banda.jpg

Em agosto de 1969, ”Blind Faith”, lança o disco auto intitulado, seria o primeiro e único de sua discografia. Um disco totalmente coeso e sem excessos, contendo 6 faixas em 41 minutos. Comercialmente foi um sucesso, liderando as paradas no Reino Unido, EUA e Canadá.

”Had To Cry Today”: A abertura do disco, um riff poderoso de Eric Clapton que vai e volta ao longo de seus 8 minutos, na verdade todo o trabalho de guitarra de Clapton nessa faixa vale o destaque, a suavidade na voz única de Steve Winwood, se encaixa perfeitamente com a classe do Slowhand.

”Can’t Find My Way Home”: No melhor estilo ”Traffic”, essa balada traz uma pequena calmaria após a trovoada anterior. Aqui temos a voz de Winwood, violões e um pequeno acompanhamento de bateria.

”Well All Right”: Uma faixa mais descompromissada em comparação ás outras, mas ainda assim muito boa. Destaque para jam sensacional em seu final.

”Presence Of the Lord”: Uma porrada travestida de balada, um início melódico com intervenções agressivas de guitarra, todo um contraponto que dialoga muito bem durante toda a faixa. Genial.

”Sea Of Joy”: Outro grande riff do Slowhand. Uma faixa mais elaborada, com subidas e descidas, violinos, violões e guitarra. Talvez foi o mais próximo que Eric Clapton tenha conseguido de chegar na sua tentativa de emular ”The Band”.

”Do What You Like”: O grande encerramento, mais de 15 minutos de duração. Uma faixa com cara de improviso, relembrando os tempos de ”Cream”. Destaque aqui vai para o solo de bateria de Ginger Baker.

Falando um pouco sobre a polêmica capa feita por Bob Seidemann. De início ela foi concebida como uma arte de uma garota nua segurando um objeto, algo como uma espaçonave. É claro que isso traria problemas.

Blind Faith entre acordes

Foi então que a gravadora relançou com uma capa alternativa. A banda decidiu tirar uma foto qualquer no estúdio e usá-la na capa.

Blind faith capa censurada entre acordes

O autor da arte, Bob Seidemann tentou explicar seu conceito por trás da capa censurada:

‘Eu não conseguia colocar minhas mãos na imagem até que, da neblina, um conceito começou a surgir. Para simbolizar a realização da criatividade humana e sua expressão por meio da tecnologia, uma espaçonave era o objeto material. Para carregar esse novo esporo para o universo, a inocência seria o portador ideal, uma jovem garota, uma garota tão jovem quanto a Julieta de Shakespeare. A espaçonave seria o fruto da árvore do conhecimento e da menina, o fruto da árvore da vida.”

De considerações finais, ”Blind Faith”, foi mais um projeto maravilhoso que Eric Clapton estava envolvido. Apesar de ter durado apenas um disco, foi o suficiente para marcar seu lugar na história das grandes bandas da história do Rock. Acredito que no final das contas, Eric não conseguiu fazer uma ”The Band” inglesa, mas isso não faz do disco menor ou não bom o bastante. Fica nossa homenagem nos nos 50 anos dessa grande obra.

Autor: Neto Rocha

26 anos, e grande entusiasta de uma das coisas mais poderosas inventadas pelo homem, a música.

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