“Toxicity”: System of a Down instaurando o caos total.

Poucas bandas são tão viscerais e intrigantes como o System of a Down. É muito interessante analisar as nuances da sua música, tudo é muito curioso, a estética visual dos membros com seus semblantes tão marcantes que o fazem parecer até personagens. Dizer que o som é apenas pesado seria simplório demais para uma banda que tem na pele, tantas referências e explora estilos muito diferentes.

Se tem um disco que resume tudo isso e ainda abre margem para explorar ainda mais elementos é o monumental “Toxicity”. Lançado 1 semana antes do atentando do 11 de setembro, ganhou contornos ainda mais tensos. Este é apenas o segundo trabalho do grupo, que vinha de uma boa estreia mas ainda faltava aquele hit que os colocaria no topo e aqui temos várias desses.

Como mencionei no início, a sonoridade requer uma análise um pouco mais profunda já que além de um heavy metal azeitado com trash metal, que são a base de sustentação para acabamentos mais finos como folk, música armênia e até punk elucidam a montanha russa sonora que esse disco reúne com maestria. As interessantes alternâncias entre pandemônio completo, momentos de introspecção profunda, minimalismo, melodias complexas, são executadas sem aviso prévio.

É difícil fugir do óbvio de um disco que carrega hits dessa calibragem, mas antes gostaria de destacar a enigmática e assustadora abertura do disco “Prison Song”, parecendo abrir as portas do apocalipse que logo emenda em “Needles”, uma das mais pesadas. É preciso tirar o elefante da sala e esse é dos grandes, “Chop Suey”, como é possível uma composição tão agressiva ser acessível? o System chegou lá, as pausas bruscas, o ensaio para um refrão melodioso, a desesperança eufórica extravazada, histórica. Caminhando para o lado B, “Toxicity” seria meu exemplo de produção bem feita, o som é muito bom, os timbres perfeitos, a composição cresce construindo um clima atmosférico, fantástica. Outra música que poderia compor a trilha sonora do fim do mundo é “Aerials”, difícil até encontrar palavras para descrever.

De considerações finais, “Toxicity” é um verdadeiro marco no metal moderno, daqueles trabalhos raros, música autoral de verdade, politizado sem ser chato, pesado sem ser raso, muito rico musicalmente, dos grandes discos dos anos 2000. Dizer que esse é apenas um álbum pesado de uma banda comum seria um erro, System sabe traduzir ideia em música e serve como exemplo para o mundo do Heavy Metal.

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Autor: Neto Rocha

28 anos, e grande entusiasta de uma das coisas mais poderosas inventadas pelo homem, a música.