A Legião Urbana foi talvez a banda de rock brasileira que mais se importou com o conceito de álbum em todos os tempos, cada um de sua curta discografia é cuidadosamente pensado e quase sem falhas ou gordura. Hoje resolvi falar um pouco sobre aquele que talvez seja considerado o disco mais sério por assim dizer, o grande “V”!
Não por acaso, este é o quinto trabalho da banda. Lançado no glorioso ano de 1991, ele se deu logo após o disco mais bem sucedido deles que foi “As Quatro Estações”, um trabalho mais radiofônico. Mas no “V” as coisas seriam bem diferentes, a começar pela capa, bem minimalista na cor branca. Também é importante mencionar o contexto daquele período, Renato Russo vinha de um tratamento contra seus problemas com álcool e talvez isso tenha influenciado nos temas do disco que em sua maioria é existencialista e social.
Musicalmente é um dos mais ricos da discografia, a abertura com “Love Song (Cantiga de Amor)” é muito marcante e já avisa que a história por aqui vai ser diferente. Ela emenda direto na super-composição “Metal Contra As Nuvens” que está entre minhas favoritas da banda, com seus mais de 11 minutos, ela chega a flertar com o Rock Progressivo, passagens instrumentais inesperadas, épica e transcendental. Como não se emocinar em “Tudo Passa, Tudo Passará”?
Talvez a faixa mais marcante do disco é a polizitada “Teatro Dos Vampiros” que ataca a segurança e economia brasileira, parece mais atual do que nunca! Mais para final do disco temos “Vento No Litoral”, uma das letras mais profundas e pesadas que Renato já escreveu, o verdadeiro poeta. Histórica.
De considerações finais, “V” é um dos trabalhos mais interessantes da Legião Urbana, na mesma proporção que é dos menos lembrados pelo grande público. Sei que é chover no molhado, mas o nível das letras é algo surreal, grande era da música brasileira! Espero que a revisitem!
Entre Acordes 