Para aqueles que não acreditam que uma banda pode lançar algo no mínimo satisfatório mesmo após longos 45 anos na estrada, recomendo que comecem a reconsiderar esse fenômeno, pois em 2024, um lendário pilar do pós-punk, o The Cure conseguiu registrar um dos grandes discos de toda sua discografia, intitulado como “Songs Of A Lost World”.
Mantendo a vibe “otimista” de sempre, começando pelo título, The Cure entrega um trabalho bastante enigmático e surpreendente em muitos aspectos. Vale lembrar que a banda não lançava um disco inédito de estúdio há 16 anos e confesso que admiro muito uma banda como essa que jamais vendeu sua identidade artística e sonora para agradar alguns e ainda por cima conseguiram manter uma carreira sólida sem soar demasiadamente repetitivos.
Neste novo disco, tenho a impressão que a banda dialoga com toda sua discografia de alguma forma, é uma espécie de resposta ao que de melhor já entregou, seja nas referências soturnas da sonoridade, ou num conceito muito bem definido que reflete e faz refletir sobre a mortalidade. Falando um pouco mais da parte musical, as 8 faixas do disco transmitem um mesmo sentimento, uma inquietação, tensão e certeza de que tudo tem um fim. Composições grandiosas em todos os sentidos, Robert Smith está irretocável, a banda está irretocável. Um desavisado pode muito bem achar que esse disco foi lançado nos anos 80, seja pela produção ou pelo estilo.
“Songs Of A Lost World” te pega pelo braço e te obriga a viajar num universo em que você nunca esteve antes. Ele não tem pressa em chegar a uma resposta e talvez nem chegue em uma. Sendo bem sincero, foi um dos discos que mais mexeram comigo nos últimos anos. Recomendo honestamente que entre nessa viagem do mundo perdido de The Cure, se prepare e não diga que eu não avisei.

