Talvez podemos definir o The Cure como uma banda “sombria”, apesar de encontrarmos fases distintas e músicas até solares. Mas no início da década de 80, o pós-punk estava em ascensão, tendo como base numa sonoridade mais densa e introspectiva, e o The Cure veio nessa onda. Em 1980 eles lançaram o disco “Seventeen Seconds”, iniciando uma trilogia conhecida como “Dark”, ainda compostas por “Faith” em 1981 e “Pornography” de 1982, todos emocionalmente pesados, gelados e muito valorosos artisticamente. E hoje venho recomendar esses discos para vocês.
“Seventeen Seconds” de 1980 é o segundo disco de estúdio da banda que vinha do lançamento de “Three Imaginary Boys” que mesmo sendo mais direcionado ao pós punk, ainda é ligado em rotação mais alta e levemente animado. Já neste disco vamos às profundezas dos sentimentos e encaramos uma sonoridade mais pesada. Inclusive acredito que esse disco tenha influenciado demais o rock brasileiro dos anos 80. Músicas em destaque: “Play For Today” e “A Forest” uma das músicas mais obscuras que já ouvi na vida.
“Faith” de 1980 é o sucessor e na minha visão é ainda mais melancólico e minimalista e de nível talvez até superior aos anteriores. Continua-se temas de desesperança, os baixos super marcantes, coisa que só cresceu durante a discografia. Um trabalho muito íntimo, confessional e gótico. Músicas em destaque: “Primary” e “The Funeral Party”, só por aqui já podemos ver qual é a vibe do disco.
“Pornography” de 1982 fecha essa trilogia refletindo que é esse som que a banda foi feita para fazer como vocação. Intenso e que cerca perfeitamente essa sequência de discos de maneira perfeita, com muita autoridade e personalidade. Mesmo que depressivo ele passeia numa veia épica que supreendentemente bem. Ótimo trabalho e até pouco comentado. Músicas em destaque: “The Hanging Garden” e “Cold”.
De considerações finais, podemos até dizer que a trilogia “Dark” definiu a sonoridade da banda, mas seria simplório sabendo que a banda passeou em propostas diferentes ao longo dos anos, mas sim podemos considerá-los nessa vibe mais introspectiva e pesada. Vale muito dar uma atenção especial a esses 3 grandes discos que artisticamente são muitíssimo interessantes. A luta ou abraço à melancolia. O retrato de uma alma. Fica a recomendação.



