E se você visse a sua banda favorita entrando em uma crescente discográfica e inesperadamente perdesse de forma trágica uma de suas figuras principais, no caso o vocalista? Bom arrisco a dizer que poucas teriam coragem de fazer uma substituição rápida e em pouco tempo lançar um disco com um novo vocalista. Ainda bem que o AC/DC teve essa coragem porque se não fosse ela não estaríamos aqui hoje comemorando os exatos 40 anos do lançamento de ”Back In Black”!

Em 1979 tudo parecia lindo para o AC/DC, eles haviam lançado ”Highway To Hell”, o maior lançamento da banda até então, comercialmente e artisticamente. Embalados eles entraram em estúdio para a gravação de um sucessor, Bon até já participava das sessões de algumas músicas que viriam a compor esse próximo disco que seria o Back In Black, foi ai que o inesperado aconteceu. Em Fevereiro de 1980, o rock perdia Bon Scott, o vocalista da banda e uma das maiores figuras daquele período, devido á varias complicações após uma noite de bebedeira.
De alguma forma a banda encontrou forças para continuar, provavelmente em memória ao Bon Scott que lutou muito para levar a banda e seu sonho de ser uma grande estrela do rock á diante. Com a cabeça no lugar, a banda lembra de um vocalista cujo Bon Scott se simpatizava e pensaram que seria uma boa ideia admiti-lo já que Bon aprovaria, e foi aí que a banda acertou em cheio, esse vocalista seria Brian Johnson que estava no Geordie.
Apesar de possuir um timbre diferente e estilo próprio, Brian casou perfeitamente com o AC/DC, com a voz de ”pato roco” ele colocou ainda mais peso nas músicas e ao mesmo tempo manteve as raízes do som da banda, uma troca perfeita como aconteceu no Genesis entre Peter Gabriel e Phil Collins.
Com as malas prontas a banda foi para as Bahamas em busca de inspiração para compor o disco mais importante de suas vidas, tanto pelo peso que ele tinha de ser o sucessor após a morte de Bon quanto pelo oque ele se tornaria após o lançamento. Os retoques finais seriam feitos no famoso Electric Lady Studios do Jimi Hendrix, onde foi produzida aquela mixagem impecável que a gente ouve.
A bela e discreta capa é uma explícita homenagem da banda aí ex-vocalista Bon Scott que acabara de falecer, a banda estava de luto e a melhor homenagem viria em cada verso do disco.
Ideologicamente falando, as letras do álbum não mudariam em comparação aos antecessores e o som tampouco (no sentido da fórmula). Brian Jones desenvolveu letras muito parecidas com o estilo do Bon, a gente vai ver isso a seguir prestando um pouco mais de atenção nas faixas destacadas.

O disco abre com “Hells Bells”, o tipo de abertura perfeita e emblemática, os sinos soam de uma maneira muito pesada e densa, como o prenúncio de que algo muito sério está por vir gerando uma dúvida e tensão ao mesmo tempo, a clara referência ao luto pela morte de Bon. Um início marcante assim como a estreia do Sabbath, música grandiosa e muito bem composta. “Shoot To Thrill”, os poderosos riffs de guitarra voltam a aparecer, a produção do Mutt Lange conseguiu deixar os instrumentos ainda mais fortes, em especial a bateria. ”Let Me Put My Love Into You”, letra e pegada no melhor estilo Bon Scott, aqui (e no disco todo) Brian Johnson mostra que foi a melhor contratação que a banda poderia fazer, neste disco ele entregou a melhor perfomance vocal de sua carreira, ele pegou a vaga como a chance da vida dele e deu tudo de si mesmo em cada verso cantado. A seguir, ”Back In Black” carrega um dos maiores riffs de guitarra da história do Rock e representa muito o espírito e conceito do álbum, uma música obrigatória para todo fã de música e mais uma vez Brian entrega uma perfomance avassaladora, as guitarras também entregam um trabalho perfeito. ”You Shook Me All Night Long”, minha favorita do disco um verdadeiro hino da banda o tipo de música que faz o show virar uma catarse, em qualquer show do AC/DC essa música toma conta de todos, épica e muito alto astral.
Pela curiosidade dos fãs aliado ao conteúdo musical inquestionável, ”Back In Black” acabou se tornando o disco de rock mais vendido de todos os tempos, foi mais do que uma vitória para o AC/DC, a banda não só conseguiu prosseguir com um novo vocalista, mas ainda conseguiu obter sucesso ainda maior. De considerações finais, tudo o que cerca o disco desde a história da sua concepção a até o último sulco do vinil o sedimenta como um dos mais importantes e bem sucedidos discos da história!