35 anos da estreia do Ultraje a rigor

 

No início da década de 80, a grande maioria das bandas de rock do Brasil ainda bebiam de fontes do punk rock, new wave e de artistas já consagrados do exterior. Com o Ultraje isso não foi diferente; contudo, além disso, houve um diferencial, o de unir influências de artistas nacionais, bem como movimentos dos anos 60, como a Jovem Guarda, e influências inusitadas que partiam de marchas de carnaval à trilha de desenhos animados, cultura pop de uma maneira ampla e abrangente.

Começando como uma banda que fazia, à sua maneira, covers de Jovem guarda à Beatles, até a escalada para a realização de um dos maiores discos do rock nacional, a jornada foi árdua, vide a falta de comprometimento com gravadoras na época, lançando primeiramente músicas em doses homeopáticas em forma de single, como foi realizado com “Inútil”, “Mim quer tocar” e “Rebelde sem causa”, algumas dessas faixas as composições datavam de 1983, tamanha demora a tudo se concretizar e ser condensado em um álbum propriamente dito, anos depois.

O disco se destaca por ser um rock’n’roll cru e pop, simultaneamente, ao passo que transita em uma salada de referências, tudo de uma forma escrachada, nitidamente identificável em qualquer frase pronunciada por Roger, repleto de letras que, embora soem infantilizadas ou pueris, conseguem encaixar críticas pertinentes às mazelas do Brasil da época, pós-redemocratização, com ferrenhas criticas ao sistema politico, como a má escolha de representantes em “Inútil”, rindo dos seus proprios problemas, com o dedo na própria ferida, uma música que sintetiza inteiramente a proposta do disco e banda e até hoje, ao lado de “Que país é esse”, são frequentemente lembradas como hinos de uma geração, repletos de uma irreverência, humor peculiar e sem soar datado.

Um disco com pontos altos e uma música como “Nós vamos invadir sua praia” parece ser o suficiente pra, por si só, gerar repercussão, mas não é exagero afirmar que aqui nos deparamos com um dos maiores catálogos de hits em um mesmo álbum, algo quase sem precedentes na história do rock produzido em terras tupiniquins.

 

Autor: Régis Moura

30 anos, piauiense, ávido ouvinte de música desde que se considera por gente, com interesses que permeiam desde rock nacional, passando pelo bom e velho hard rock, até o heavy metal.

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