A Revolução do Deftones – 20 Anos de “White Pony”

Apesar de terem chegado ao mainstream no mesmo balaio das inúmeras bandas de New Metal no final da década de 90/início de 2000, os californianos sempre demonstraram ser algo mais. Desde sua estreia “Adrenaline” (1995), eles já adotaram um estilo muito particular de variações de dinâmica, indo dos sussuros de Chino Moreno à explosão total, com nuances e uma musicalidade muito mais apurada do que os Limp Bizkits e afins que dominavam o cenário.

Com seu excelente segundo disco “Around The Fur” (1997), movido pelo hit “My Own Summer (Shove It)” eles viram no sucesso o maior desafio da carreira, tentando achar uma direção musical definitiva. Com algumas mudanças decisivas, como a efetivação de Frank Delgado nos teclados/samples e Chino Moreno assumindo, além dos vocais, a guitarra base. Num estalo, o som da banda ficou mais completo e experimental, trazendo desde as nuances guitarrísticas do Shoegaze e a sutileza eletrônica do Trip Hop ao som atmosférico e hipnótico de bandas como o The Cure, e assim eles concebem o que é, muito provavelmente, sua obra-prima. O incrível “White Pony” completa hoje 20 anos!

O riff pesadíssimo intercalado entre passagens etéreas de “Feiticeira” já soa como um manifesto inicial, onde Chino Moreno demonstra uma imensa versatilidade. O nome? Bem, ele simplesmente leu nosso termo em alguma revista e achou legal. É essa sede por novas estéticas que torna cada canção por aqui única, como se o som tradicional da banda emergisse em diferentes metamorfoses. Enquanto “Digital Bath”, com seu groove fortemente influenciado pelo Trip Hop (num trabalho baterístico sensacional de Abe Cunningham), soa como se o Radiohead resolvesse fazer Metal, “Elite” é incrivelmente direta, com um toque industrial nos berros insanos de Chino, que acabaram rendendo um Grammy de “Melhor Performance de Metal”, em 2001.

“Teenager” e sua nostalgia computadorizada são seguidos pela explosão crescente em “Knife Prty”, que conta com a participação da atriz Rodleen Getsic, com gritos desesperadores e que só adicionam à atmosfera. Outro convidado de peso, de um cara que certamente foi uma grande influência na banda é a de Maynard James Keenan, vocalista do Tool/A Perfect Circle. E, ao meu ver, não poderia haver participação mais perfeita, já que as vozes de Chino e Maynard convergem em seu icônico misto de sussuros dramáticos e explosões agressivas.

A dupla final conta com o maior sucesso da banda, a hipnoticamente cadenciada “Change (In The House Of Flies)”, que nos leva à incrível “Pink Maggit” que, com seus mais de 7 minutos, fecha o álbum quase como um “resumo”. Da ambiência ao peso, tem um pouco de tudo o que torna “White Pony” uma obra sensacional. Também vale a nota de “Back To School (Mini Maggit)”, uma versão Rap Metal de “Pink Maggit” que foi adicionada nas reedições do álbum, apesar de erroneamente colocada como a primeira faixa.

Além de ser o maior sucesso comercial do Deftones, o disco também marcou toda a cena do Metal, inaugurando os anos 2000 com um som extremamente fresco, único e que é até hoje uma grande influência em todas as bandas que os seguiram. Uma obra-prima moderna que já passa da maioridade, “White Pony” é indispensável!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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