O sonho acabou. Esse era o sentimento do mundo, especialmente em solo americano, no início da década de 70. Altamont, Charles Manson, a Guerra do Vietnã, eram tantos acontecimentos terríveis explodindo ao mesmo tempo que ficou claro o fim da era “Flower Power”. Essa tempestade também atingiu a banda que era praticamente porta-voz do movimento, o Grateful Dead. A gravação de seu terceiro disco “Aoxomoxoa” (1969) havia sido extremamente desgastante, dominada pelo abuso de drogas e deixando-os em dívida com a gravadora. Assim, eles resolvem abdicar da lisergia e das Jams insanas de outrora para voltar ao básico, às raízes americanas do Country/Folk, e inauguram uma nova era em sua carreira com uma verdadeira obra-prima. Seu nome é “Workingman’s Dead”, que hoje está completando 50 anos!

“Uncle John’s Band” já faz bonito e nos insere na atmosfera interiorana e relaxada do álbum, com uma instrumentação totalmente acústica, e um trabalho de percussão sensacional. Eles não escondem a influência de Crosby, Stills & Nash, dos quais estavam se tornando grandes amigos na época, As harmonias vocais de Jerry Garcia, Bob Weir e Phil Lesh soam angelicais e estão por toda a parte. Seja no Bluegrass sensacional em “Cumberland Blues” ou na belíssima balada Country “High Time”.
A parceria entre Garcia e o colaborador frequente Jerry Hunter é o cerne do disco, com canções intimistas que só sairiam de uma verdadeira amizade. Entre os momentos mais preciosos dessa dupla, estão a maravilhosa “Dire Wolf” e a guinada ao Rock ‘n’ Roll da derradeira “Casey Jones”, encerrando os trabalhos com o alto astral de “Driving that train, high on cocaine”!
De volta às raízes, o Grateful Dead acavou forjando uma de suas obras mais icônicas, um verdadeiro ponto de virada em sua carreira. Sempre é hora de mergulhar nas maravilhas de “Workingman’s Dead”!
