Após o lançamento dos elogiadíssimos “Murmur” (1983) e “Reckoning” (1984), o R.E.M. já era um nome grande no cenário alternativo (apesar de ainda muito longe do que se tornariam). Pra um terceiro álbum, eles resolvem, como sempre, romper com o que veio anteriormente, dando uma guinada ao Folk Rock. Contratando o lendário produtor Joe Boyd, eles partem para Londres para gravar o que seria praticamente um disco conceitual, inspirado pela literatura “Gótico Sulista” americana. Assim, eles entregam o sombrio e maravilhoso “Fables of the Reconstruction”, que hoje completa 35 anos!

Como sói acontecer nos discos do R.E.M., a primeira faixa “Feeling Gravitys Pull” é simplesmente matadora, já apresentando uma atmosfera muito diferente, com o cromatismo abissal da guitarra de Peter Buck e um quarteto de cordas um tanto gótico, abrindo esse mundo de pinturas musicais surrealistas com o que é a melhor canção do álbum. Essa estrada de chão pelo sul Americano continua em “Maps And Legends”, as harmonias vocais psiodélicas de “Old Man Kensey”, enquanto, num todo, Michael Stipe brilha com o Storytelling envolvente, entoado por seu inconfundível lamento barítono.
A canção que mais fora da curva por aqui é o Blue Eyed Soul à la Simply Red “Can’t Get There From Here”, mas o álbum segue nos levando a lugares inesperados até o sopro final de “Wendell Gee” e seu inconfundível teor Country.
Assim como a maioria dos álbuns iniciais do R.E.M., “Tales of the Reconstruction” acaba ficando um pouco esquecido em relação ao sucesso estelar que eles teriam a partir de “Document” (1987). Mas, é um disco único na discografia da banda que sempre procurou buscar novos caminhos!
