“Out of exile”: 15 anos do amadurecimento do Audioslave

Em 2002, ano que marca a formação do que viria a se tornar o Audioslave que conhecemos hoje, Chris Cornell ja desfrutava de um grande prestígio no meio musical, o mundo parecia estar cansado da melancolia e baixo astral vindos de Seattle, os anos iam passando e sua sombra estava cada vez mais dissipada, com seus rostos não sendo mais tão expostos como antes, um cruel mercado fonográfico que parecia engoli-los, como é de praxe em todo movimento musical que eclode repentinamente, o foco era outra outro, a lente estava apontada pro futuro, e por fim, e o mais lamentável de todos: seus ídolos aos poucos partindo desse plano, deixando vários órfãos. O tom autodestrutivo, modo de vida desregrado, visual mais despojado conseguindo, a seu próprio modo, evocar uma espécie de movimento punk em plenos anos 90, tudo isso foi se tornando obsoleto, o que prova que a música é repleta de ciclos. Feito esse preâmbulo, o desafio inicial era unir os estilos que caractizaram o som do Rage against the machine à voz melódica de Chris. O público não sabia o que esperar da união de grupos tão distintos. O resultado disso é um debut sólido, com músicas lembradas até hoje; embora não tenha singles tão marcantes quanto o debut, Out of exile possui um caminho mais definido, o clima é de total entrosamento entre os membros, reflexo dos dias de adaptação, contando já com alguns anos de experiência entre os membros, graças aos anos de estrada e convivência até então. 

O álbum aparenta maior maturidade e solidez, os riffs ganham mais energia, o deixando mais homogêneo, sem os fantasmas das dissoluções dos grupos anteriores, excluindo as suspeitas que o Audioslave seria um mero resquício de duas bandas grandes das décadas anteriores. Cornell, desde o Temple of the dog, sempre fora o elo entre o alternativo dos anos 90 e o rock dos anos 70, e ele aqui conduz muito bem, impostando sua voz à guitarra de Tom Morello, mostrando suas variadas facetas, incluindo algumas de suas influência como toques de soul e R&B americana,  tomando a angústia e transformando em algo poético quando tem de ser, como nas faixas “Be yourself” e “Heaven’s dead”, assim como em momentos mais ‘Zepelianos’ como a música de abertura “Your time has come”, revisitando algumas influências setentistas, assim como a “Cochise”, dá ao disco o soco inicial ele necessitava, pra mostrar ao que veio.

Supergrupos são complicados, queira você incluir a banda nessa definição ou não, há quem prefira deixar esse termo apenas pra medalhões como Cream, Travelling Wildburys e, posteriormente, Velvet Revolver, o fato é que poucos conseguem lograr êxito e continuar por muito tempo após o disco de estreia. O Audioslave faz isso relativamente bem, superando conflitos de egos, mesmo que durante apenas 7 anos.

Autor: Régis Moura

30 anos, piauiense, ávido ouvinte de música desde que se considera por gente, com interesses que permeiam desde rock nacional, passando pelo bom e velho hard rock, até o heavy metal.

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