Muito Além de Slim Shady – 20 Anos de “The Marshall Mathers LP”

Após tomar a mídia de assalto com contos de horror, versos afiados e inconsequentes do fundamental “The Slim Shady LP” (1999), Eminem se tornou o bode expiatório dos americanos. Mas a controvérsia sempre atrai fama, e o MC era dominante naquela virada do milênio, disparando suas rimas perfurantes como balas em qualquer um que ousasse cruzar seu caminho. A expectativa de um novo trabalho era altíssima, e em 2000, ele estava de volta, mais introspectivo, pessoal, mas não menos agressivo. Há exatos 20 anos, “The Marshall Mathers LP” estremecia as estruturas do Mainstream.

A produção, além do mentor supremo Dr. Dre, conta com outros nomes como Mel-Man e os Bass Brothers, o que garante um som com grooves diretos, cortantes, mas com nuances esparsas que dão foco à metralhadora giratória verbal de Eminem, aqui carregada como nunca. Como “Public Service Announcement 2000” já anuncia: ele não dá a mínima. Interprete como quiser, pois ele não tem nenhum interesse em explicar. Essa abordagem exige do ouvinte a capacidade de separar as coisas, já que Eminem borra as linhas entre o real e a ficção, entre a seriedade e o humor. Logo, ele pode muitas vezes soar inadequado, mas eram (e ainda são) sátiras muito ácidas e confrontadoras para serem compreendidas pela hipócrita sociedade americana.

Aqui, Eminem dá menos destaque a seu maníaco alter ego Slim Shady, e foca em temas mais pessoais, que evidenciam sua tempestuosa psique. A conturbada e odiosa relação com sua mãe em “Kill You” ou o Storytelling simplesmente sensacional de “Stan”, tratando de um fã obsessivo, que ao ter suas cartas ignoradas por Slim, amarra sua namorada (que esperava seu filho) no carro e segue em direção ao abismo, focalizam uma nova face de Eminem, agora lidando com o estrelato. Esses questionamentos também geram momentos de auto-afirmação, onde ele encarna Slim Shady e dispara sem dó contra ícones da cultura pop em “The Real Slim Shady” e a raivosa “The Way I Am”. Ele está no topo do mundo, e merece respeito.

“Tá ligado, eu simplesmente não entendo

No ano passado eu não era ninguém, esse ano eu tô vendendo discos”

trecho de “Marshall Mathers” (tradução livre)
Eminem em sua icônica performance no VMA de 2000.

É claro que não podiam faltar as polêmicas. Ele narra de maneira extremamente gráfica o assassinato fantasioso de sua então esposa em “Kim”, e referencia diretamente o massacre de Columbine em “I’m Back” (onde as palavras “kids” e “Columbine” sofreram censura”). Afinal, Eminem sempre coloca o dedo na ferida, e por isso é um dos melhores MCs de todos os tempos!

Como esperado, o disco foi um sucesso retumbante, estreando no topo da Billboard 200, e não saindo de lá por um bom tempo. No mesmo ano, ele se juntou ao time pesadíssimo de Dr. Dre Snoop Dogg e Ice Cube para a lendária turnê “Up In Smoke”, sedimentanto seu lugar merecido no olimpo do Rap. E, 20 anos depois, “The Marshall Mathers LP” é um verdadeiro clássico!

Da esquerda para a direita: Dr. Dre, Snoop Dogg, Ice Cube e Eminem.

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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