YAGGERDANG! – 75 Anos de Pete Townshend

É sempre um prazer inenarrável escrever sobre um ídolo. Especialmente quando ele é o guitarrista e a principal força criativa de uma das maiores bandas da história do Rock ‘n’ Roll, que levou a atitude e energia no estilo à maxima potência (o primeiro Punk?). É claro que estamos falando de Pete Townshend, que hoje está completando 75 anos!

Natural do distrito de Chiswick, Londres, Townshend vem de uma família essencialmente musical. Seu pai era saxofonista na banda da Força Aérea Real (raiz Mod desde o berço, se é que me entendem), e sua mãe, uma cantora de background clássico. Mas, apesar de seu lar transpirar arte, também era sinônimo de caos, pelas constantes brigas e o comportamento errático de seus pais. Aos 4 anos de idade, foi morar com sua avó por dois anos, período em que sofreu de abuso sexual, uma infância conturbada e solitária que seria uma influência gigantesca em suas composições. Em meio às turbulências, seu fascínio pelo Rock ‘n’ Roll veio ao assistir Bill Haley, e em pouco tempo ele já tinha seu primeiro e inseparável violão. Ainda nos tempos de colégio formou um duo de Jazz com seu amigo John Entwistle (!), chamado The Confederates (do qual saiu, vejam só, por uma briga), mas, o “Rock Around The Clock” foi muito mais forte.

1961 foi um ano essencial em sua trajetória. Ao mesmo tempo em que iniciava seus estudos na Ealing Art College (cursando Design Gráfico), também adentrava uma pequena banda de Skiffle chamada The Detours, liderada pelo baixinho brigão Roger Daltrey. Em pouco tempo, John Entwistle assumia as 4 cordas, e o excêntrico Keith Moon as baquetas, gerando o que seria a formação clássica do The Who, nome que veio em 1964 (apesar de uma mal-sucedida troca por “The High Numbers”, pelo qual lançaram um single até reatarem “The Who”), e o resto é história!

O Who em 1965, a essência da estética Mod!

Desde o primeiro torpedo guitarrístico (descrito pelo próprio com a onomatopeia “Yaggerdang!”) de My Generation (1965) já ficou claro que o mundo estava diante de uma das maiores bandas de Rock ‘n’ Roll da história, com uma selvageria nunca antes vista, dominando com seus inconfundíveis Power Chords, que com certeza foram uma influência massiva para o Punk Rock. A maior referência quando se fala da estética Mod (ninguém entende um mod!), a banda evoluiu para o que seria a representação do Rock Setentista, mudança exemplificada na primeira ópera-rock de Townshend, simplesmente Tommy (1969), uma obra que resgata todos os seus supracitados traumas de infância. Seguiram com diversas obras-primas como Who’s Next (1971) e o disco da vida deste que vos fala, Quadrophenia (1973). Mas, falamos e ainda falaremos muito de Who aqui no Entre Acordes, foquemos em Pete!

Nada fica mais Rock ‘n’ Roll do que isso!

Em paralelo ao Who, mantém uma carreira solo um tanto inconstante desde 1972, com Who Came First e o ESPETACULAR Rough Mix (1977), com ninguém mais ninguém menos que Ronnie Lane (ouçam!). Mas foi a partir de 1980 que Townshend passou a levar sua carreira solo como prioridade, enquanto sentia-se sufocado dentro da banda. É uma discografia muito subestimada, que com certeza merece maior atenção, especialmente pérolas como Empty Glass (1980) e All the Best Cowboys Have Chinese Eyes (1982), onde ele segue exprimindo seus próprios demônios e explicitando uma enorme espiritualidade, em canções sempre inspiradíssimas. Uma grande parte de sua carreira também é dedicada a Demos e projetos não finalizados do Who, como a série Scoop e o box Lifehouse Chronicles (2000), projeto que deu origem a Who’s Next.

Townshend é um homem complexo, e é sempre uma experiência curiosa se aprofundar em sua história, ver entrevistas, e todo o universo ao seu redor. Mas, acima de tudo, ele é uma lenda do Rock. Raivoso, sensível, espirituoso e um compositor simplesmente brilhante. A frase “I hope I die before I get old” soa atual como nunca, pois seu espírito Rock ‘n’ Roll nunca envelhece, e que privilégio temos por compartilhar de “sua geração”!

Townshend fazendo seu icônico “moinho de vento” na guitarra!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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