Após aparecer para o grande público com seu excelente segundo disco Clouds (1969), Joni Mitchell se consagrava como uma das grandes compositoras de uma incrivelmente fértil geração, exprimindo dor e doçura em canções de ímpar beleza. Sob a influência da recém-descoberta brisa Californiana e toda a efervescência cultural do Laurel Canyon (Los Angeles) ela começa dar a indícios de um som que transcenderia o Folk de outrora, cada vez mais sofisticado, e entrega sua primeira obra-prima. É claro que estamos falando de Ladies Of The Canyon, que hoje completa 50 anos!

Essa evolução musical fica evidente com um simples olhada na ficha técnica. Enquanto Clouds era composto basicamente de violão e voz, aqui temos violoncelos, clarinetes, saxofones e uma percussão mais evidente, com arranjos sutis que adicionam ainda mais profundidade às já maravilhosas canções.
Temos aqui algumas das canções mais famosas de Mitchell. O hino de uma geração, “Woodstock”, com seu Fender Rhodes de uma elegância ABSURDA, seria posteriormente um sucesso quando regravada pelo Crosby, Stills, Nash & Young, grupo do qual era muito próxima por meio de Graham Nash, seu namorado na época, além da vibrante “Big Yellow Taxi”, com uma mensagem ambiental satírica e divertidíssima. Mas a paleta sonora é bem mais abrangente, de belíssimas baladas acústicas como a abertura “Morning Morgantown” e “The Circle Game” (dedicada a ninguém mais ninguém menos que Neil Young), com as harmonias vocais inconfundíveis dos supracitados CSNY, até canções guiadas por um piano soturno, como “Willy” e “Blue Boy”, tudo ligado por sua voz inconfundível e angelical.
Ladies Of The Canyon é um disco transicional, o que está longe de ser algo negativo. Apresentando as aspirações musicais mais jazzísticas que guiariam todo o trabalho posterior de Mitchell e recheado de clássicos, suas canções ressoam eternamente!
