O disco cujo título traduz o que vamos encontrar: 45 anos de Lar de Maravilhas.

O Rock Progressivo brasileiro é riquíssimo! Talvez você não saiba disso, e é justamente por esta razão que o ENTRE ACORDES decidiu abrir mais espaço para as bandas tupiniquins já tão esquecidas e muito pouco exaltadas. Abordaremos hoje a fantástica CASA DAS MÁQUINAS e o disco Lar de Maravilhas (que completa 45 anos em 2020); como o próprio nome sugere, é uma obra de arte da música nacional. Então, venham se purificar e fazer parte da epidemia do Rock.

O sexteto formado por Aroldo e Pisca (vocais e guitarras), Carlos Geraldo (baixo), o talentosíssimo Mário Testoni (teclados) e a dupla de bateristas (!) Netinho e Marinho Thomaz – não, eles não se alternavam; tocavam concomitantemente. O disco de estreia da banda, auto-intitulado, era mais voltado para o Hard Rock e possui arranjos mais simples e letras irrisórias. Algo completamente diferente em Lar de Maravilhas.

A entrada de Testoni foi fundamental para a mudança de sonoridade da banda, entrando de cabeça no Rock progressivo, mas sem perder a pegada Rock and Roll visceral característica do grupo. Com muita influência de Deep Purple e Yes principalmente, a banda entrou no estúdio vice e versa para gerar um dos maiores discos brasileiros da década de 70.

CM2

Além do instrumental absolutamente impecável, todas as letras são maravilhosas, verdadeiras poesias que abordam temas como a tecnologia diminuindo as relações essenciais da vida, problemas ambientais, anseios de liberdade etc. Igualmente perfeitos são os arranjos instrumentais (feitos pela própria banda). Além dos teclados, das harmonizações vocais, dos riffs e solos de guitarra, quero chamar vossa atenção para o MESTRE Carlos Geraldo, senhoras e senhores, que baixista. Pra gringo nenhum colocar defeito.

Impossível destacar apenas uma faixa. O que posso dizer a vocês é que cada música desse disco é uma passagem só de ida para uma das viagens mais loucas e deliciosas que farão na vida. ”Vou morar no ar”, música mais famosa do grupo, a EXTRAORDINÁRIA faixa-título, ”Astralização” e ”Cilindro Cômico” com solos de órgão e as vozes combinadas formando quase que um outro instrumento. A belíssima ”Vale Verde” com um instrumental de não deixar nada a dever a nenhuma banda gringa… Enfim, ouçam este disco, façam esse favor à vida de vocês e deleitem-se com a beleza da música brasileira no seu mais alto nível; um disco daqueles que nos dá muito orgulho em ouvir e saber que foi feito por aqui, com recursos e equipamentos escassos e em uma época politicamente tão difícil do nosso país. Só nos resta tirar o chapéu para uma pérola deste quilate.

A text by @lukaspiloto7twister

Autor: Luc Rhoads

Um grande apaixonado por música e aventuras. Carioca, estudante de Educação Física, professor de inglês e vascaíno doente.

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