Tragam as congas, claves, timbales e bongôs, pois hoje exploraremos o mais puro suingue latino! E nada melhor do que começar pelo que é considerado o maior disco da história do caldeirão rítmico da salsa, o clássico Siembra, de Rubén Blades e Willie Colón!

Primeiro, há de se ter um pequeno contexto histórico. Em 1978, a aurora da Salsa, representada pela icônica Fania Records, estava em decadência, e muitos dos artistas procuravam se adequar aos sons da moda, como a Disco Music. Mas, essa simbiose pan-americana de Blades e Colón revitalizou o estilo e se tornou um clássico!
O álbum é como um grito de guerra que reforça as raízes latino-americanas, fazendo inúmeras sátiras aos yankees desde os primeiros segundos de “Plástico”, que se inicia com um baita Groove Disco Music para desembocar numa salsa PESADÍSSIMA, com um naipe de metais flamejante guiado pelo trombone de Colón. Ao final, temos uma chamada de inúmeros países latino-americanos, com o coral repetindo “PRESENTE” de forma arrepiante. Após a explosão, o suingue aconchegante de “Buscando Guayaba” é uma grata surpresa.
“Pedro Navaja” é o grande destaque do disco, considerada a obra-prima de Rubén Blades. Desde seu início denso em percussão e voz até os metais em combustão na sessão final e seus irônicos gritos de “I like to live in America”, possui arranjos altamente jazzísticos e é um verdadeiro hino ao sul do Equador. A melodia doce e altamente tribal de “María Lionza” e o épico “Dime”, com seu piano sincopado e a dinâmica de “pergunta e resposta” com o coral afiadíssima são outros pontos altos. E tudo nos leva à grandiosa faixa-título, que, com um indefectível arranjo de cordas, fecha isso que é mais que um disco, é um evento histórico!
Honre nosso sangue latino e ouça Siembra. Garanto que não irá se arrepender!
