Antes de começar a dissecar o disco, gostaria de agradecer ao meu pai por não ter desistido de falar do Jethro Tull para mim em todas as vezes que eu desdenhei da banda quando era mais novo. Com o passar dos anos eu percebi a bobagem que eu cometi e o tempo que eu perdi não dando atenção ao que hoje é uma das minhas bandas preferidas. Como diz uma das músicas do disco: ”There’s a Time For Everything” ; e ainda bem que esse tempo chegou mesmo com atraso. Sorte a minha que me pai estava With me There To Help me. Vamos lá!!!
Após o sucesso de Stand Up, o Jethro Tull voltou aos estudos para gravar o fantástico BENEFIT, que hoje completa 50 anos. O líder da banda, Ian Anderson, queria o próximo disco do Jethro tivesse uma sonoridade mais similar a se um disco ao vivo, algo que foi endossado pelo guitarrista Martin Barre e baixista Glenn Cornick (que sairia da banda após o lançamento de Benefit). Muito embora Stand Up representasse um salto para a banda, os integrantes consideraram o trabalho parecido com músicos de estúdio reproduzindo canções de maneira fria; sentiam a necessidade de soarem mais autênticos e viscerais – o que eu, particularmente discordo, pois acho Stand Up um disco que arrepia até o último fio de cabelo. Outro detalhe foi o lastro artístico que Stand Up deu ao grupo, já que eles tiveram mais tempo e sossego para trabalhar.
Além disso, o disco contou com técnicas gravação pouco utilizadas até então, para criar um clima mais escuro e obter camadas de som mais bem preenchidas. Apesar de ainda não ser o Jethro Tull clássico, podia-se notar a evolução da banda e as experimentações que sempre fizeram parte do grupo inglês. A entrada do tecladista John Evan – que tocara nos discos anteriores, porém de forma mais pontual e não oficial – deu maior variedade ao som da banda. As letras de Anderson, sempre muito criativas e politizadas, é outro ponto a ser destacado.
O disco é tão bom que o quinteto se “deu ao luxo” de deixar duas faixas ESPETACULARES de fora como “Teacher” e Witch’s Promise” (foram lançadas como singles). No entanto, é compreensível também que era difícil tirar alguma das músicas que integram o disco; impossível retirar faixas do calibre de “With You There To Help Me”, “Alive and Well and Living In”, For Michael Collins, Jeffrey and Me”, “To Cry You a Song” – Dita por Martin Barre Como Uma resposta á canção ‘Had To Cry Today’, da banda Blind Faith de Eric Clapton, Ginger Baker e cia. Também não tinha como deixar de fora a pesada e jazzistica “Play In Time.
Portanto, sortudos somos nós, que fomos privilegiados posteriormente com o lançamento remasterizado do disco, feito pelo líder do Porcupine Tree, Steven Wilson (responsável por fazer a remasterização de outros discos da banda), com as músicas que ficaram de fora quando do lançamento original e um som ainda mais cristalino, capturando todas as qualidades dos músicos desta fantástica banda inglesa de Blackpool.
Eu cumpro a minha penitência até hoje por, até meus 15 anos, dizer que não gostava da banda quando meu pai tentava me mostrar e eu ignorava por achar chato. Hoje eu reconheço e muito o calor desta incrível banda que sem dúvidas é uma das minhas favoritas. POR FAVOR, não faça como eu, ouça Jethro Tull sem moderação!
A text by @lukaspiloto7twister