Herbie Hancock é, pura e simplesmente, o maior nome vivo do Jazz. Afinal, ele viu, e mais importante, fez parte de tudo. Discípulo do mestre dos mestres Miles Davis, o pianista é responsável por tornar tênue a linha entre o Jazz e a música Pop, levando o estilo às paradas de sucesso, ao mesmo tempo que fazia um som desafiador e revolucionário. Essa figura lendária completa hoje 80 anos de vida!

Natural de Chicago, Illinois, Hancock começou no piano ainda criança. Como quase todo pianista de jazz, vem de um background clássico. Um talento precoce que, de tão prodígio, já dedilhava concertos de Mozart com toda a orquestra de Chicago aos 11 anos de idade. Mas um turbilhão de influências o fez mudar completamente sua concepção harmônica: O grupo vocal The Hi-Lo’s, e lendas do Jazz em ascensão, como Bill Evans. As peças realmente se encaixaram quando ele passou a estudar com o pianista Chris Anderson, segundo o próprio, seu “Guru”.
“Depois de ouvi-lo tocar apenas uma vez, implorei que me deixasse estudar com ele”
Herbie Hancock
Em pouco tempo, Hancock já era um dos talentos mais promissores da cena Jazz, de cara conseguindo um contrato com a Blue Note, lançando sua sensacional estreia Takin’ Off (1962). O disco fez tanto barulho que acabou chegando aos ouvidos de ninguém mais ninguém menos que Miles Davis, que na época estava procurando músicos para formar seu novo quinteto. Tão logo, Hancock estava no Segundo (e tido por muitos como o melhor) Quinteto Clássico de Miles.
Foram anos em que Hancock fez parte de todas as mudanças do Jazz. Os experimentos modais, a incorporação do piano elétrico, a gênese do Jazz-Rock, numa retroalimentação que só poderia acontecer entre dois GÊNIOS dessa magnitude. Em seu período com Miles, destaco o incrível E.S.P. (1965) e a a pedra única e fundamental do Fusion que é In A Silent Way (1969).

Sua carreira solo, pela Blue Note, não parou em nenhum momento. Ainda nos anos 60, clássicos como Maiden Voyage (1965) e a quase Big Band de The Prisoner (1969), que, ao mesmo tempo que eram extensões de seus experimentos com Miles, demonstravam uma identidade musical própria.
No início dos anos 70, Hancock dá uma guinada extrema ao experimental. Com seu primeiro sexteto, faz um Fusion avant-garde e repleto de influências eletrônicas e até ritmos tribais em discos como Crossings (1972) e Sextant (1973) (Aviso: coisa muito séria!). Então, ele resolve deixar as pirações um pouco de lado e focar no Groove, fazer um som jazzístico, mas que se pudesse dançar. Ainda em 1973, vem Head Hunters, que é, sem mais nem menos, um dos discos definitivos da história do Jazz. Fazendo um sucesso tremendo nas paradas Pop, ele inaugurou um novo período na carreira do pianista: agora os sintetizadores imperam!
E foi assim por muitos anos. No Fusion acessível de Trust (1976) (com o grande Hit “Doin’ It”), a onda Disco Music de Sunlight (1978), Herbie se tornou um astro Pop/R&B. Foram anos um tanto inconsistentes, mas que trouxeram inovações como Future Shock (1983), considerado o exemplo mais antigo de Hip Hop Instrumental que se tem notícia.

Atualmente, Hancock se mantém ativo, focando em discos colaborativos, como o The Imagine Project (2010), com versões universais com clássicos da música popular, cantados por grandes astros. Mas sua força está, primordialmente, ao vivo. Quem, assim como eu, já teve a oportunidade de ver Herbie Hancock ao vivo, sabe o poder hipnótico e cósmico que, em 80 anos, se mantém intacto. Celebremos a existência de uma LENDA VIVA!
