Nos idos dos anos 80, parecia improvável uma nova colaboração entre Lou Reed e John Cale, antigos companheiros de Velvet Underground. Em 1987, falaram-se pela primeira vez em muitos anos, na missa memorial de seu mentor Andy Warhol. Então, nasceu a ideia de um disco em homenagem a esse artista tão importante na carreira de ambos. Três anos depois, essa ideia se concretizou em “Songs For Drella”, que é nosso aniversariante de hoje!

O álbum é propositalmente simples. Somos guiados pelos teclados de Cale e a guitarra, ora serena, ora lotada de distorção de Reed, com vocais alternados entre ambos. O foco, aqui, está nas letras, que tratam das experiências de Warhol, desde sua infância, a entrada no mundo da arte, affairs, amizades (com claras referências aos tempos de Velvet Underground), além de alguns comentários em terceira pessoa, refletindo sobre o homemque conheciam tão bem.
A crueza das canções deixa ainda mais evidente a maturidade atingida por Reed e Cale, aqui como contadores de história natos. Entre os destaques, temos a soturna “Open House”, “Trouble With Classicists”, a rápida e distorcida “Starlight”, e, ao fim, a despedida “Hello It’s Me”, com a belíssima viola de Cale, dando seu ponto final ao canto de “Goodbye, Andy…”. Mas, acima de tudo, esse é um álbum que funciona como uma unidade, um ciclo, que deve ser degustado por inteiro!
Depois de “Songs For Drella”, exceto em uma pequena reunião do Velvet Underground, John Cale e Lou Reed (R.I.P) nunca mais trabalhariam juntos. Mas, suas derradeiras canções, com a beleza de uma homenagem, soam atemporais.
