O Drama de Uma Voz Inigualável – 75 Anos de Elis Regina

Não há introdução que faça jus a Elis Regina. Simplesmente a maior cantora da história de nosso país, sua história já virou filme, como um furacão que varreu a Música Brasileira de maneira intensa e perpétua. Hoje, ela completaria 75 anos!

Gaúcha, natural de Porto Alegre, Elis apresentou seu talento de maneira precoce. Aos 16 anos, lança seu primeiro LP “Viva A Brotolândia” (1961), pela Continental, onde cantava um Rock ‘n’ Roll à la Celly Campelo. Após mais alguns trabalhos de pouca expressão, ela encontrou no reduto carioca da Bossa Nova “Beco das Garrafas”, um palco primordial em sua estelar trajetória.

Foram necessários alguns anos para que Elis realmente descobrisse seu som e sua voz. Mas sua porta de entrada ao estrelato não foi menos do que sensacional, com uma arrebatadora performance de “Arrastão” (Edu Lobo/Vinícius de Moraes), campeã do I Festival de Música Popular Brasileira, em 1965. Daí, foi às cabeças com o programa “O Fino da Bossa”, apresentado em dupla com Jair Rodrigues, até 1967.

Mas aquele não era o melhor ambiente para uma alma tão inquieta, de voz muito explosiva e dramática para a calmaria da Bossa. Ao início da década de 70, numa MPB totalmente balançada pela vanguarda de nomes como Caetano, Gil e Chico, Elis absorve tais influências, interpretando as canções desses novos e geniais compositores (trabalho que muito faria no decorrer dos anos). “Em Pleno Verão” (1970) representa essa magnífica guinada artística, com grandes pitadas de Soul (e participação de ninguém mais ninguém menos que Tim Maia em “These Are The Songs”), em um som mais antenado com o público jovem da época.

A partir daí, Elis se torna essa imagem icônica que conhecemos. Em plenos anos de chumbo (onde foi, forçadamente, utilizada para propaganda política), dava voz a novos e espetaculares compositores, como Belchior, Fagner, Milton Nascimento, João Bosco, e estava sempre acompanhada pela NATA de músicos do Brasil. Nesse período, lança incríveis pérolas como “Ela”, de 1971 ou o autointitulado álbum de 1972, além da lendária parceria com Tom Jobim no sublime “Elis & Tom”, de 1974 (existe honra maior do que um disco com Tom?).

Cada disco gerava shows que eram verdadeiros espetáculos. Cada um, num conceito único e de uma teatralidade excepcional (sob a direção musical de seu parceiro César Camargo Mariano). Não há exemplo melhor do que sua obra-prima “Falso Brilhante” (1976), que é um documento histórico daqueles tempos , com verdadeiros hinos que ficaram eternizados na voz da revolução, da juventude, e da renovação cultural: a voz de Elis é a voz do Brasil.

Como sói acontecer com os fenômenos, sua luz se apagou rápido demais. Em 1982, aos 36 anos, ela se foi, vítima de uma Overdose. Triste fim para uma estrela mundial dessa magnitude, mas que deixou um legado inestimável em nossa história. Cada melodia cantada tem um pouco de Elis, e que todas soem em uníssono nessa data tão especial!

Alguns discos citados:

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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