O Jazz é um organismo vivo. Pulsante e em constante mutação, ele traz consigo, a cada nova encarnação, um grande nome. Há exatos 90 anos, nascia um músico que implantaria uma verdadeira revolução no estilo, com um som lotado de improvisações, e propositalmente de difícil entendimento. Estamos falando do lendário saxofonista Ornette Coleman!

Líder do chamado Free-Jazz, que priorizava a criatividade e o improviso, ao invés das formas tradicionais, Coleman sofreu para conseguir seu lugar no panteão do estilo. Recebido com espanto pelos mais tradicionalistas, ele encontrou, na Califórnia, um grupo de músicos adeptos do experimentalismo (de nomes como o cornetista Don Cherry e o baterista Billy Higgins) e lança, em 1958, sua estreia “Something Else!!!!”, já balançando a cena dos mais antenados. Mas, sua verdadeira consolidação veio com o marco “The Shape Of Jazz To Come” (1959), que desmembrou toda a concepção harmônica do Jazz (removendo, inclusive, o piano), mas, ao mesmo tempo, tinha temas tão marcantes que acabaram se tornando standards, como a clássica “Lonely Woman”.
Após causar um terremoto na cena do Jazz mundial (que ainda tardaria a ser totalmente compreendido), Coleman seguiu na vanguarda, lançando obras-primas como “Free Jazz: A Collective Improvisation” (1961), que consistia numa improvisação simultânea de dois quartetos, ou o sublime “Change Of The Century” (1960). A partir dos anos 70, seu inoxidável Sax Alto absorveu as influências do Fusion/Jazz-Funk, utilizando instrumentos elétricos, e nos presenteando com mais pérolas como “Dancing In Your Head” (1976) e “Body Meta” (1978) (criando o chamado “Harmolodic Funk”).
Coleman seguiu expandindo as barreiras do som até seu último suspiro, no dia 11 de Junho de 2015. Seu legado segue intocável, e sua obra é um universo de passagem obrigatória pra qualquer apreciador do Jazz!
