
Para qualquer bom apreciador de música, é chover no molhado reconhecer que o grande David Bowie foi de um fato um gênio a frente de seu tempo. Um artista extraordinário que possuía uma bipolaridade artística sem limites, e que adorava apontar novas direções em sua carreira com uma magistral habilidade poucas vezes vista na história da música Pop. Foi então que uma dessas incríveis transformações se consumou quando os fãs de Bowie colocaram as agulhas de seus respectivos toca-discos no Groove malemolente e irresistível da faixa título e inicial do sensacional disco “Young Americans” (1975), que está completando exatos 45 anos de lançamento. Completamente imerso dentro do universo da Soul Music, Bowie se metamorfoseou novamente como um alienígena magricela e branquelo, só que agora caindo diretamente dentro do universo da música negra americana.
O álbum tem algumas das canções que eu colocaria no topo das melhores do Bowie: “Fascination” é uma explosão Disco/Soul pontuada pelo baixo Funky de Willie Weeks, e uma batida pulsante envolvida por um percussivo clavinet e guitarras suingadas. “Right” traz mais uma vez um maravilhoso e malemolente balanço acompanhado por deliciosos e intensos backing vocals femininos. “Across The Universe” dos Beatles recebeu uma releitura fantástica com um poderoso Soul/Rock que beira o épico, enquanto que o hit certeiro “Fame”, é um sacolejante Funk Rock escrito em parceria com ninguém mais ninguém menos que o lendário John Lennon (que também participou da gravação tocando guitarra e fazendo backing vocal).

“Young Americans” é sem sombra de dúvidas uma das maiores e mais brilhantes obras da genial carreira do nosso querido Camaleão. Um artista sem precedentes, que há 45 anos atrás, mais uma vez conseguiu provar que sua musicalidade era infinita, e que sua capacidade de explorar diferentes gêneros musicais era sempre realizada de maneira incrível e impactante!
