Poucas bandas representam o Rock verdadeiramente alternativo como o Sonic Youth. Emergentes da cena “No Wave” americana, que levava o experimentalismo ao extremo, em suas atonalidades e sons dissonantes. Após o irregular e completamente vanguardista “Confusion Is Sex” (1983), a banda resolve mudar sua abordagem musical, com um som, à sua própria maneira, mais acessível. O resultado dessa guinada autoconsciente é o clássico “Bad Moon Rising”, que hoje completa 35 anos!

O espantalho em chamas da capa já nos dá uma ideia do conteúdo dessa caixa de Pandora. Doses cavalares de niilismo, insanidade, e do “lado negro da América”, sobre camadas de guitarras distorcidas e soturnas.
Os melancólicos arpejos da introdução colidem com o Riff dissonante, mas maravilhoso de “Brave Men Run (In My Family)”, acompanhado dos murmúrios e baixos trovejantes de Kim Gordon. A camada de microfonia continua parte da atmosfera em pérolas como “Society Is A Hole”, e os picos de intensidade de “I Love Her All The Time”, com os torpedos guitarrísticos de Lee Ranaldo.

A ambiência barulhenta dos interlúdios é uma constante no álbum, como na pura loucura de “Ghost Bitch” e “Justice Is Might”. Mas o grande destaque fica para a explosão de “Death Valley ’69”, um dueto entre Thurston Moore e a cantora/poetisa Lydia Lunch, num som que sintetiza o que estava acontecendo no Underground Nova-iorquino na época. Nos dias atuais, o disco ganhou um apêndice, com o EP “Flowers”, com peças tão soturnas quanto (destaque para a maravilhosa “Flower”). Vale a audição!
“Bad Moon Rising” é um documento essencial, tanto para a cena alternativa, quanto para a carreira do Sonic Youth. Um disco único, que representa a transição da banda para algo de maior “consciência Pop”, e que com certeza ainda queima muitos neurônios por aí com seu caos poético.
