O Doce Amor de Miles e cia – 55 Anos de “My Funny Valentine”

O ano era 1965. Miles Davis, em constante evolução, já impressionava o mundo com seu lendário e jovem “2° Quinteto Clássico”. O grupo, que contava com simplesmente Herbie Hancock no Piano, George Coleman no Sax Tenor, Tony Williams na Bateria e Ron Carter no Contrabaixo, estava em seu estágio embrionário. Mas, ao surgir o convite para um show beneficente no recém-construído “Philharmonic Hall” (NY), os nervos ficaram à flor da pele, num palco de tanto prestígio.

Mas é claro que um grupo de músicos desse quilate não entregaria uma performance menos do que ANTOLÓGICA. Desse show, surgem dois discos ao vivo. “Four & More” (1966), com as peças mais intensas e up-tempo, e nosso aniversariante de hoje “My Funny Valentine” (1965), com registros de baladas do mais puro lirismo!

Não há início melhor do que um Standard do Jazz, e a faixa-título “My Funny Valentine” cumpre a função com maestria. O virtuoso quinteto leva essa clássica balada ao limite, com solos flamejantes de Miles, Coleman e Hancock em seus mais de 15 minutos de duração. O mesmo acontece com o clássico de Cole Porter “All Of You”, onde o trompete de Miles atinge territórios instigantes, e que só ficam mais brilhantes a cada audição.

No lado B, já somos logo agraciados pela expertise de um jovem Herbie Hancock, aliado ao Swing perfeitamente conduzido por Tony Williams, a força motora do som único do grupo, especialmente por meio de seus antológicos grooves em “All Blues”, que, ao ouvirmos em fones de ouvido, passeiam lindamente pelos canais. O fim é tão belo quanto o início, com a dilacerante “I Thought About You”, que soa pela última vez na suavidade poderosa do solo de contrabaixo, concluindo essa lendária performance.

Se o jovem grupo temia pelo resultado das gravações, à primeira audição perceberam que haviam concebido algo fantástico. 55 anos depois, ainda soa acachapante, e é um registro para as gerações dessa revolucionária trupe de Miles Davis. Basta preparar o Drink e deixar que eles façam o resto!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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