Na segunda metade da década de 90, viu-se uma revolução na formulaica cena do R&B. O Neo-Soul, com seu som que homenageava as raízes da música negra, mas tinha um quê experimental, alternativo, adicionando ao sofisticado caldeirão sonoro o inconformismo do Hip Hop. Artistas como Erykah Badu, Lauryn Hill, e nosso assunto de hoje, D’Angelo, tomaram de assalto as paradas com um som que exalava Groove, maravilhosamente exemplificado pela obra-prima “Voodoo”, que está completando 20 anos!

Após o sensacional “Brown Sugar” (1995), D’Angelo entrou em hiato por 5 anos. Nesse tempo, reuniu-se com nomes de peso, como o produtor e baterista Questlove, Raphael Saadiq e o lendário DJ Premier. Essa dualidade orgânico/eletrônico prova-se a espinha dorsal de “Voodoo”.
A pancada “Playa Playa” já nos introduz o padrão musical do disco, com a doce e maravilhosa voz de D’Angelo e sopros certeiros de Roy Hargrove (R.I.P), criando uma longa e arrasadora missa do gueto, onde é impossível ficar parado. Essas jams espaçadas e cheias de Groove nos proporcionam momentos de puro deleite sonoro, como “Send It On” e “Chicken Grease”, com verdadeiras pinturas harmônicas em guitarras jazzísticas, sobre as levadas deliciosamente sincopadas de Questlove.

“Devil’s Pie” e “Left & Right” (que conta com a lendária dupla de Mc’s Method Man e Redman) esbanjam uma produção de peso, não escondendo o DNA Hip Hop intrínseco ao Neo-Soul. Já a finesse de pepitas Soul como “Feel Like Makin’ Love” e “Greatdayndamornin’/Booty” soam meticulosamente arranjadas, um universo em cada camada vocal de D’Angelo.
O grande hit “Untitled (How Does It Feel)” é sensual, suíngado, e responsável por alavancar o disco à primeira posição nas paradas americanas, recebendo aclamação mundial, e tornando “Voodoo” um clássico. Aos iniciantes no onírico mundo de D’Angelo, basta dar o play e se entregar ao Groove de um mestre do R&B contemporâneo!
