Os anos 90 foram a década da dualidade sucesso/experimentalismo para o The Cure. Após o grande hit “Wish” (1992) e a imensa paleta de cores do subestimado “Wild Mood Swings” (1996), Robert Smith resolve iniciar os anos 2000 dando aos fãs o que eles tanto queriam: o terceiro capítulo da trilogia composta de “Pornography” (1982) e “Disintegration” (1989). O resultado é o aniversariante de hoje, que veio sob o nome “Bloodflowers”

Smith não esconde suas pretensões, aplicando desde a abertura “Out Of This World” os toques do Rock Gótico atmosférico, hipnótico e de um lirismo invejável, característicos de seus irmãos musicais. “Watching Me Fall” é o epítome da sonoridade à la “Disintegration”, com toques mais modernos. Um épico de 11 minutos, que vai da melancolia ao desespero para narrar a decadência de um indivíduo, no grande destaque do disco.
A profundidade de canções como “The Last Day Of Summer” ou os grandiosos sintetizadors de “The Loudest Sound” criam uma atmosfera de sonho, etérea, e que por vezes compensa certas baixas na composição. A balada “There Is No If” é a pérola Pop do álbum, onde a fragilidade da voz de Smith leva qualquer um às lagrimas.
Entretanto, não há como escapar da sensação de que o trabalho foi meticulosamente arquitetado para nos remeter ao som clássico do Cure, sem grandes experimentações. “39” e a homônima “Bloodflowers” são exemplos disso. Peças sombrias e Neo-Psicodélicas, que, se não repetem a maestria das duas obras-primas anteriores, são excelentes canções. Esse é o legado de “Bloodflowers”, que, 20 anos depois, segue como um encerramento digníssimo à lendária “Trilogia da Depressão”!
