No cânone do Rock Progressivo, certas figuras tornam-se verdadeiras lendas, seja por seu grande virtuosismo ou influência. Quando pensamos na guitarra Prog, tudo nos leva a Steve Hackett, que expandiu as barreiras do sublime unindo o clássico ao Rock. Hoje, esse grande Guitar Hero completa 70 anos!

Stephen Richard Hackett era, desde sua infância, nos arredores de Londres, rodeado de instrumentos. Mas, só aos 12 anos veio a se interessar pelo violão, estudando-o de maneira autodidata. Suas primeiras influências vinham das peças clássicas de Johann Sebastian Bach, além das óperas de Mario Lanza. Mas, ao presenciar o surgimento da cena do Blues Britânico e se maravilhar com o Rock ‘N’ Roll, migrou para a guitarra, criando um estilo que é, como definido pelo próprio: “Algo entre Andrés Segovia e Jimi Hendrix”.
Seu primeiro projeto de expressão foi o Quiet World, no qual ingressou junto com seu irmão John, flautista, em 1970. Com eles, grava seu primeiro (e único) disco, “The Road”, que, embora tenha sido um fracasso comercial, deu a Hackett a experiência de estúdio necessária para alçar voos (muito) mais altos.
Em dezembro de 1970, ele coloca um anúncio na revista Melody Maker:
“Guitarrista-Compositor imaginativo busca envolvimento com músicos receptivos, determinados a se esforçar para além das estagnadas formas musicais existentes”
O convidativo anúncio atrai a ningém mais ninguém menos que Peter Gabriel, logo quando o Genesis precisava de um substituto para Antony Phillips. A liga foi imediata, e, bem, o resto é história. Hackett construiu com a banda uma das obras mais sublimes e icônicas do Rock Progressivo, desfilando obras-primas como “Foxtrot” (1972), “Selling England By The Pound” (1973) e “The Lamb Lies Down On Broadway” (1974). Ele também revoluciona a guitarra, mostrando uma técnica de “Tapping” que influenciaria muito um tal de Eddie Van Halen.

Em 1977, ele deixa o Genesis, dando prioridade total à sua já existente e espetacular carreira solo (vide sua maravilhosa estreia “Voyage Of The Acolyte”, de 1975). O altíssimo nível se faz presente em boa parte de sua discografia, desde pérolas Prog como “Spectral Mornings” (1979) até som mais oitentista de “Highly Strung” (1983). Já em 1986, ele cria, com o outro Guitar Hero Steve Howe, o supergrupo GTR, que atingiu certo sucesso nas paradas americanas com seu disco auto-intitulado do mesmo ano, em um som descaradamente Pop, mas de alto nível.
Nos últimos anos, Hackett está mais ativo do que nunca. Emendando bons discos como o mais recente “At The Edge Of Light” (2019) e “The Night Siren” (2017), além de diversos projetos, desde a música erudita até celebrações de sua obra com o Genesis, ele não para. E é essa inquietação que o torna, nos seus 70 anos de idade, uma LENDA!

Alguns discos citados: