Despedidas, definitivas ou não, são sempre marcantes. No caso da dupla Simon & Garfunkel, ela representou tanto seu auge absoluto quanto o desgaste de uma relação que, apesar de uma linda amizade e parceria, nunca foi das mais amistosas. Tudo isso contribuiu para tornar “Bridge Over Troubled Water” uma das obras mais celebradas da era de ouro da Música Pop, e que hoje completa seus 50 anos.

O que temos aqui é um álbum delicado e cheio de texturas, mas que não se esquece do foco principal da dupla: o poder da melodia, da canção, que, com um inspiradíssimo Paul Simon, não poderia ter um resultado menos do que INCRÍVEL.
Falando em canção, já somos muito bem recebidos com uma das mais belas composições da história da Música Pop, a auto-intitulada “Bridge Over Troubled Water”. Uma balada grandiosa, com muita influência da música Gospel que Simon vinha ouvindo à época, tornando-se uma marca registrada de Garfunkel, que aqui entrega uma performance solo memorável. O resultado não poderia ser outro: um sucesso retumbante, regravado por nomes do quilate de Elvis Presley e Aretha Franklin, e que até hoje integra nosso inconsciente coletivo.
O álbum é como uma paleta de cores, expandindo-se de momentos misteriosos, como o arranjo para a composição clássica Peruana “El Condor Pasa (If I Could)” (Paul Simon e suas tendências World Music), até canções ensolaradas que miram os holofotes às divinas harmonias vocais, como “Cecilia” e “Why Don’t You Write Me”. Também tem seus momentos descompromissados, como a divertidíssima (e seus metais quase Soul) “Keep The Costumer Satisfied” ou a versão ao vivo do clássico dos Everly Brothers “Bye Bye Love”.

As canções com grandes porções do DNA Folk da dupla não são alheias a uma grandiosidade que, intencional ou não, torna-se marca registrada do disco. É o caso do outro grande hit “The Boxer”, mais uma das composições mais geniais da história, onde somos levados em uma viagem doce e harmoniosa. O mesmo acontece na maravilhosa e melancólica “The Only Living Boy In New York”.
Mas, depois de uma experiência incrível, vem a doce e derradeira “Song for the Asking”, numa simples melodia que soa como um “até logo”.
“Bridge Over Troubled Water” se tornou, inevitavelmente, um dos discos definitivos da década de 70. Vencedor de diversos Grammys e amplamente celebrado, ele ainda assim não evitou a separação da dupla, que ainda viria a se reunir diversas vezes, mas que tornou esse álbum seu canto do cisne definitivo. Afinal, a vida é feita de encontros e despedidas!
