Após o lançamento do excepcional “Family Entertainment” (1969), veio a ruína da formação original do Family. Com a saída do baixista Rick Greich (que adentraria o Blind Faith) e do saxofonista Jim King (que enfrentava sérios problemas com o vício em drogas), fomos apresentados a uma nova encarnação do grupo. Assumindo o baixo (e ocasionalmente o violino), temos John Weider, e, nos vibrafones, flautas e teclados, John Palmer. Já no início de 1970, essa subestimada instituição musical nos presenteia com mais uma belíssima obra, sob o nome “A Song For Me”.

Aqui, temos uma evolução natural do som característico do grupo, genericamente rotulado de Rock Progressivo. O peso e os Riffs do Hard Rock, toques de psicodelia, sofisticação levemente Jazzística e uma crescente influência do Folk já nos tomam de assalto na abertura sensacional de “Drowned In Wine”. Desde a intro acústica, à explosão dos riffs de John Whitney (perfeitamente pontuado por flautas à la Jethro Tull), além, é claro, do inconfundível vibrato de Roger Chapman, a característica mais marcante do som da banda.
“Some Poor Soul” é uma das pérolas Folk do álbum, com suas flautas deliciosamente melodiosas e um espetacular solo de violão, acompanhando brilhantemente os vibrafones e violinos mágicos da instrumental “93’s O.K. J”, ou a canção com leves toques de Country “Song for Sinking Lovers”.

As porradas também são verdadeiras paletas sonoras, coloridas maravilhosamente pelos vibrafones e flautas (aqui utilizadas de maneira perfeita) de Palmer, como em “Love Is A Sleeper” e o pequeno épico de “Wheels”.
Mas, o momento mais acachapante está na derradeira faixa-título, uma viagem que se estende por 9 minutos, indo da porradaria do Riff inicial e vocais poderosíssimos de Chapman à passagens de violino lotadas de psicodelia, se encerrando numa grande Jam de Rock & Roll.
Em retrospecto, “A Song For Me” pode ser considerado o grande álbum da fase inicial do Family. Seu indefinível amálgama de sons os coloca em um espaço muito especial na prateleira de “jóias perdidas” do Rock, que merece (e muito) ser revisitada!
