Quando se pensa no Rock & Roll de nossos hermanos, há de se citar Luis Alberto Spinetta. Simplesmente um dos maiores nomes musicais da América Latina, sua inabalável poesia sintetiza perfeitamente a identidade Argentina, e seus eventuais caminhos tortuosos. Nesse exato dia 23 de Janeiro, essa lenda estaria completando 70 anos.

Desde cedo, nas redondezas do bairro de Bajo Belgrano (que ainda seria homenageado em uma de suas grandes obras), sempre foi um garoto muito musical. Influenciado por seu pai, já cantarolava seus Tangos favoritos desde os 4 anos de idade. Mas, o estopim foi a descoberta do Rock & Roll, à época num boom gigantesco de nomes como Elvis Presley e Bill Haley, e instigando-o a, desde cedo, compor suas canções, e iniciar seu aprendizado autodidata na guitarra. Já em 1964, faz seu Debut na televisão no programa Escala Musical, e, com o dinheiro da apresentação, compra um disco que mudaria completamente sua visão artística: “Beatles For Sale”, do inigualável quarteto de Liverpool.
Seu primeiro grande projeto já é, por si só, um dos maiores do Rock feito na Argentina. O Almendra, união das bandas Los Mods e Los Sbirros, surge como um ponto de ímpar luminosidade em um país que, apesar das amarras da ditadura, estava em pleno fervor cultural (muito também pelo grande sucesso da seminal banda Los Gatos). Com o Almendra, ele lança dois discos sensacionais, com destaque para a sua lendária estreia, em 1969.

A partir daí, é de muita pretensão a ideia de esmiuçar cada projeto do “Flaco”, visto que é um dos artistas mais prolíferos da música moderna. Mas, há alguns destaques ABSOLUTOS.
A começar pelo Pescado Rabioso, banda formada em 1971, inicialmente como um trio, e vinha com a proposta de um som mais “violento”, segundo o próprio Spinetta. Nele, é lançado o disco que é considerado o maior da história do Rock Hermano: Artaud, de 1973. Em essência, um álbum solo, que traduz como nunca todo o lirismo e riqueza poética característicos de Flaco, numa obra espetacular. Sugiro a todos os não familiarizados com sua obra que ouçam, de coração aberto. Garanto que irão se surpreender!

O Invisible é mais uma investida setentista essencial de Spinetta, estabelecendo com seu último álbum “El Jardín De Los Presentes” a tendência altamente experimental e Jazzística que tomaria conta de seu trabalho solo, em pérolas como “A 18′ Del Sol” (1977).
As décadas de 80/90 também geraram muitos frutos. Desde o maravilhoso Spinetta Jade, um projeto de Jazz Rock de uma sofisticação absurda (em parceria com o grande baterista Pomo Lorenzo), ocasionando petardos como a estreia “Alma De Diamante” (1980) ou o explicitamente portenho “Bajo Belgrano” (1983). Temos também parcerias com nomes do calibre de Charly Garcia e Fito Páez, e uma contínua carreira solo que rende grandes sucessos como “Peluson Of Milk” (1991).

Em seus anos finais, temos o que é a maior celebração de sua obra: o incrível show “Spinetta y las Bandas Eternas” (2010), um reencontro com todos os seus antigos colegas de banda, com canções de todas as suas fases, numa festa incrível!
Infelizmente, Luis Alberto veio a falecer em 2012. Mas, sua gigantesca obra cravou profundas raízes em toda a música Latino-americana. Neste dia de celebração, deixo também de recomendação a audição do disco póstumo “Ya No Mires Atrás”, lançado especialmente na data de seu aniversário de 70 anos, e celebrando o legado do incrível Flaco!

Alguns Discos Comentados: