Há duas máximas para discos de estreia: ou são extremamente embrionários, não representando fielmente o som da banda, ou são verdadeiras obras-primas. Felizmente, os Pretenders escolheram a segunda opção, e lançam, há exatos 40 anos, um dos “debuts” mais originais do Rock.

O início com o petardo “Precious” dita a tônica do lado A, com uma energia Punk, mas um som idiossincrático, liderado pelos Riffs nada previsíveis do saudoso James Honeyman-Scott. Pérolas como “The Phone Call” e seu ritmo pulsante, “Tattooed Love Boys” num misto de Rock & Roll e a veia melódica do Pós-Punk, ou a porrada “The Wait” exemplificam a maestria de James com linhas de guitarra pouco convencionais, por vezes caóticas, temperadas pela voz cativante, sensual e cheia de atitude de Mrs. Chrissie Hynde.
Mas na melodia o álbum também encontra muitos trunfos. As harmonias vocais à la Fleetwood Mac do cover dos Kinks “Stop Your Sobbing”, a linda canção Pop “Kid” (um dos singles do álbum). O suíngue delicioso de “Brass In Pocket” (com teclados que anunciam: estamos nos anos 80) é outro grande destaque.

“Private Life”, como era tão comum aos Punks mais antenados, é um baita Reggae, com uma atmosfera misteriosa, e até provocante (ainda melhor na clássica versão de Grace Jones, lançada posteriormente). Já o encerramento com “Mistery Achievement” que se encontra no baixo retumbante de Pete Farndon e o groove sólido de Martin Chambers, culminando num dos muitos refrões marcantes e mais Pop do que nunca!
“The Pretenders” é uma das estreias mais originais e enérgicas do Rock. Do Rock & Roll à la Stones, ao Punk, às melodias e refrões Pop. Como resultado: número 1 nas paradas inglesas, disco de platina, já levando às cabeças uma banda que ainda teria muito a oferecer nessa ainda embrionária década de 80!
