Os Novos Beatles de Sempre – 55 Anos de “Beatles For Sale”

Dois anos de turnês, holofotes, histeria generalizada, não era nada fácil ser a maior banda do planeta. A exaustão inevitavelmente atingiu os garotos de Liverpool. Tendo que lançar mais um álbum para o natal, nomeiam-o “Beatles For Sale” (nada mais justo!), que, em contraste ao (maravilhoso) Iê Iê Iê de “A Hard Day’s Night”, adiciona alguns tons mais sombrios ao som do grupo.

Antes de falar sobre qualquer canção desse álbum, é essencial citarmos uma certa personalidade que foi vital para essa, ainda embrionária, transformação dos Beatles: Bob Dylan. Esse titânico encontro ocorreu em Nova York, no mesmo ano, onde Dylan, além de alguns toques de sua composição mais introspectiva, apresentou-os a uma certa erva que, bem, indiscutivelmente faria parte de seu processo criativo desde então.

A espetacular trinca inicial “No Reply”/”I’m A Loser”/”Baby’s In Black” já demonstra muito bem essa influência em Lennon-McCartney, onde mesmo as onipresentes harmonias vocais não escondem um fundo mais soturno e a inspiração no Country/Folk. Essa faceta fica ainda mais clara em pérolas como “Every Little Thing” (com um refrão pegajoso mas não “açucarado”) e a harmoniosa “I Don’t Want to Spoil the Party”.

As canções que nos lembram os bons e velhos besouros ficam a cargo da singela “I’ll Follow The Sun” (com uma guitarra certeira de George) e o shuffle irresistível do hit “Eight Days A Week”, num gostinho da inocência e genialidade pop da dupla mais bem-sucedida da história da música.

Os covers em excesso são um dos pontos “baixos” (se é que pode-se chamá-los assim) do disco, sendo seis no total. Mas, isso não é problema (apesar de momentos dispensáveis como “Mr. Moonlight”) quando são ótimas versões do bom e velho Rock ‘n’ Roll, como o Medley “Kansas City/Hey, Hey, Hey, Hey” e o hino de Chuck Berry “Rock and Roll Music” (santíssimo gogó do Macca!). Há até espaço para George cantando um clássico de Carl Perkins na divertidíssima “Everybody’s Trying to Be My Baby”. Ao final, fica um gosto agridoce, como de praxe.

“Beatles For Sale” é, apesar de poucas vezes citado, o início da guinada dos Beatles para algo mais “sério”. Acima das discussões sobre estar entre os “melhores” ou “piores” do grupo, é mais um disco sólido, que encontra espaço para pequenas reinvenções, que posteriormente se tornariam REVOLUÇÕES!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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