Depois de consagrar-se como um dos maiores nomes da história do Soul com os clássicos “Just As I Am” (1971) e “Still Bill” (1972), Bill Withers nos presenteia com mais de sua fórmula mágica, em uma joia muitas vezes subestimada em sua discografia, sob o nome de “+’Justments”

O disco já se inicia com o groove de “You”, com uma deliciosa camada do querido Fender Rhodes, um baixo marcante, complementado por certeiras e sutis orquestrações, num clima de que foi gravado “entre uma resenha e outra”. Seguindo com o single “The Same Love That Made Me Laugh”, que ganha um clima grandioso devido às cordas, mas não perde o suíngue espaçado da espetacular cozinha James Gadson/Melvin Dunlap.
“Stories” é um momento especialmente sublime, com uma belíssima harpa, contornando a voz arrepiante de Withers, que aqui emenda algumas baladas dignas de um Soulman de respeito, na groovada “Can We Pretend”, a singela “Liza”, e na finesse de “Make a Smile For Me”, mostrando que o compositor de canções como “Ain’t No Sunshine” não aliviava quando o assunto é emocionar.

O diálogo entre o Rhodes e uma “cozinha” sólida cria alguns grooves deliciosamente dançantes, como na percussiva “Ruby Lee”, ou a tonelada rítmica de “Heartbreak Road”. Mas a grande Jam aqui fica por conta da derradeira “Railroad Man”, que conta com a participação do grande violonista porto-riquenho José Feliciano, encerrando a obra com um Funk com “sangue latino” de altíssimo quilate.
“+’Justments” marca o fim de uma era para Bill Withers. Sendo o último disco com sua banda clássica, e com essa abordagem sonora mais “solta”, viajante. E, apesar de pouco aclamado, é mais um disco muito sólido desse incrível Soulman!
