A Revolução dos Mangueboys – 25 Anos de “Da Lama Ao Caos”

Chico Science era um artista único. Juntamente com sua Nação Zumbi, reoxigenou uma estagnada e tomada pela violência Recife em um centro de efervescência cultural, com seu Manguebeat (cujo conceito é bem explicado pelo próprio e por Fred Zero Quatro no “Manifesto dos Caranguejos com Cérebro“), que pregava a “Parabólica enterrada na Lama”, sempre antenado (e revolucionário). Com sua Nação Zumbi, ele lança um dos discos definitivos da música Brasileira nos anos 90, e que definiu todo o movimento. Estamos falando de “Da Lama Ao Caos”, que neste ano completa seus 25 anos.

Para produzir o álbum, chamaram ninguém mais ninguém menos que Liminha, que daz um excelente trabalho em condensar o som da banda (apesar de ter recebido algumas críticas por ter “limpado” demais).

Imediatamente, somos atingidos pelo “Monólogo Ao Pé do Ouvido”, uma carta de intenções dos Mangueboys, que proclama:

“Modernizar o passado
É uma evolução musical
Cadê as notas que estavam aqui?
Não preciso delas!
Basta deixar tudo soando bem aos ouvidos”

Após esse soco no peito, somos introduzidos a uma percussão cadenciada, que vai ganhando peso, e transforma-se no groove pesado de “Banditismo Por Uma Questão de Classe”, que já mostra a que veio essa impávida nação. Com a fúria percussiva do Maracatu, o peso das guitarras de Lúcio Maia e o vocal influenciado pelo Hip Hop de Chico, ela cita, de maneira divertidíssima, diversas lendas urbanas de Recife, desde a “Perna Cabeluda”, ou “Galeguinho do Coque”, além de um fortíssimo cunho social.

“Rios, Pontes e Overdrives” continua com um “Funk-xaxado”, de baixo FEDERAL (cortesia do grande Alexandre Dengue). Em seguida vem o clássico “A Cidade”, uma canção pegajosa, com uma sempre contundente crítica (demonstrando imensa autoridade por parte de Chico), além, é claro, de ter sido um baita sucesso. Mas, se já não era suficiente, vem “A Praieira”, com seu Riff icônico, e frases como “Uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor”, tornou-se mais um grande sucesso, consolidando “Da Lama Ao Caos” como Disco de Ouro.

“Samba Makossa” é um carnaval de sons e ritmos, destacando a precisão da gravação dessa massa percussiva, que é o impacto principal da Nação. Mas, ao primeiro acorde distorcido da faixa-título, conclui-se: trata-se de algo muito especial. Um híbrido perfeito entre o groove do Mangue e o Riffs de Metal, junto à lírica única de Chico, torna esse o marco histórico do Manguebeat.

As últimas faixas demonstram um lado mais experimental e etéreo do som da Nação Zumbi. Pérolas como a linda “Risoflora”, ou instrumentais como “Salustiano Song” e “Côco Dub” mostram um uso muito inteligente das tecnologias, aliadas ao tradicionalismo, que tanto fazem o Manguebeat ser o que é, uma evolução musical!

“Da Lama Ao Caos” é, por si só, uma instituição cultural. Mais que um disco, ele trouxe à luz a genialidade dos garotos do Mangue, que chacoalharam a cena do Rock Nacional dos Anos 90. Dessa química sonora, uma dose basta para ficar pensando melhor!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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