A Estreia do The Smiths, apesar de um grande disco, havia deixado uma pulga atrás da orelha da banda. Acharam que aquilo não soava “real”, natural, como deveria ser. Então, em 1984, lançam uma espécie de “Disco-coletânea”, e um de seus registros definitivos, “Hatful Of Hollow”, que completa hoje 35 anos.

O álbum, consiste, basicamente, de canções já conhecidas, mas nas gravações da Rádio BBC, nas lendárias “John Peel Sessions”, além de algumas (grandes) músicas inéditas. O álbum já começa com uma das canções mais bonitas desse mundo, o single “William, It Was Really Nothing”, já mostrando o belíssimo diálogo entre as guitarras/violões (Jingle-jangle!) de Johny Marr e a voz peculiarmente melodiosa de Morrissey.
A partir de “What Difference Does It Make”, a potência das sessões nos é apresentada. Essa massa sonora é impressionantemente vívida, uma banda perfeitamente encaixada, vide a exemplar cozinha de Mike Joyce e Andy Rourke, pulsante em petardos como “These Things Take Time”, “Handsome Devil”, demonstrando uma veia mais “Punk” dos pais do (VERDADEIRO) Indie Rock. Mas a beleza de faixas como a dançante “This Charming Man”, com uma linha icônica de Marr (e a letra deliciosamente irônica de Moz) se sobressai, exemplificando muito do som dos Smiths.

Mas, é numa das faixas de estúdio que está o destaque do álbum. É claro que estamos falando de “How Soon Is Now”. É uma música diferente de quase tudo que já haviam feito, com um som eletrônico e denso, como um loop eterno pela mente de Morrissey, que aqui entrega uma de suas letras/performances mais melancólicas e marcantes. Não é à toa que essa se tornou uma das marcas registradas da banda.
A usina criativa estava a todo vapor, entregando mais pérolas como “Heaven Knows I’m Miserable Now” (tem como não se emocionar com a voz de Moz?), e suas camadas guitarrísticas, o groove tranquilo de “This Night Has Opened My Eyes”, ou a canção acústica de arrancar lágrimas “Back To The Old House” e o encerramento com “Please, Please, Please, Let Me Get What I Want”, fechando esse pacote que tem algumas das músicas definitivas da década de 80, e da vida de muitos que, assim como eu, são apaixonados pela obra desses garotos de Manchester!
“Hatful Of Hollow” é uma coletânea que se iguala tranquilamente a qualquer disco dos Smiths. Eles davam um valor tremendo aos singles, que, quando compilados, formam uma coleção sólida de canções atemporais, que lhe farão pensar: quão cedo é agora?
