
Em 2004, quando as rádios começaram a tocar “Somewhere Only We Know” (Primeiro single e maior sucesso do disco), do estreante trio britânico Keane (Na época formado pelo vocalista Tom Chaplin, pelo tecladista e principal compositor Tim Rice-Oxley, e pelo baterista Richard Hughes) rapidamente uma afirmação pairou sobre as atenções de todos os apaixonados e altamente antenados em música: “Lá vem outra banda inglesa clonando o Coldplay!” Apesar de o single, por sinal uma linda balada, ter tocado muito bem nos quatro cantos do planeta, quem ouve o álbum de estréia do Keane hoje em dia, rapidamente percebe que era algo bastante diferente do que se vinha fazendo no mainstream há 15 anos atrás. A partir da segunda música do disco, o trio surge um som completamente diferente do esperado, e mostra a sua verdadeira cara, estampada com cores vivas dos anos 80.
Ficam claras influências de U2 e The Smiths, além das básicas referências dos Beatles. Em duas maravilhosas faixas “This Is The Last Time” e “Band and Break”, percebemos influências muito claras da música Pop feita há três décadas atrás, particularmente do som do U2. “Band and Break”, aliás, junto com “Everybody’s Changing” (Segundo single do disco) são as melhores músicas do disco. A primeira passeia em uma linda melodia e um lindíssimo refrão, com uma letra de elevação espiritual que torna o clima do disco ainda mais pessoal. Outro grande destaque é “Your Eyes Open”, uma linda batida Synthpop com uma levada de som bem oitentista inspirada em Morrisey. “Untitled 1” é a faixa mais “estranha” do disco pois se trata de algo mais experimental e dark, puxado para o eletrônico com toques psicodélicos que carrega influências de Depeche Mode e Radiohead em sua sonoridade, enquanto logo na sequência num grande contraste sonoro, o álbum chega ao fim com a lindíssima “Bedshaped”, com um viés místico em sua letra, é aquele tipo de canção que desconcerta mas ao mesmo tempo pode trazer uma sensação de esperança para quem a ouve, certamente também um dos momentos mais inspirados aqui presentes.

“Hopes And Fears” é na humilde opinião deste que vos escreve um belíssimo disco e um dos melhores registros de estréia da década de 2000. A música do trio se resume numa união perfeita do lindo timbre do vocalista Tom Chaplin ao talento extremamente criativo do tecladista Tim Rice em criar arranjos incríveis em seus pianos, teclados, sintetizadores, órgãos e etc. “Hopes And Fears” é um álbum verdadeiramente inspirado, sem a pretensão de apresentar nada novo, e nem mesmo fazer história, mas essencial para todos aqueles que apreciam a nova música Pop/Rock britânica. Um disco que com certeza mexeu e ainda irá mexer muito com a cabeça e com o coração de muita gente por aí.