
No dia primeiro de novembro de 25 anos atrás, uma das bandas de Rock And Roll mais espetaculares da década de 90, lançava um de seus mais aclamados discos e também considerado por muitos como o melhor da carreira do grupo: “Amorica” (1994).
O The Black Crowes com certeza atingiu o mais alto nível de qualidade em sua carreira com este álbum, ainda mais levando em consideração que estavam vindo de dois discos muito bem sucedidos comercialmente e artisticamente no início dos anos 90, e mesmo que a banda não tenha conseguido sustentar seu impulso comercial com “Amorica”, no entanto, eles podem ter aumentado fortemente sua credibilidade artística ao concluir sua evolução em direção a trilhas quase improvisadas, e com um maravilhoso disco que só melhora a cada audição. Produzido por Jack Joseph Puig, o álbum também é uma obra-prima sônica, com elementos de Rock clássico setentista estrategicamente colocados entre estruturas inspiradas no Funk e no Blues.

O disco anterior “The Southern Harmony & Musical Companion” (1992), os viu expandir seu som com um coro de cantores de apoio, e dois novos membros permanentes da banda. Nesse álbum, a banda de seis integrantes foi para a “velha escola”, encontrando bastante espaço para cada músico exercitar suas respectivas influências, com os guitarristas Rich Robinson e Marc Ford ficando firmemente na linha de frente, enquanto que liricamente, o vocalista Chris Robinson escreveu letras altamente introspectivas. Além disso, “Amorica” é também conhecido pela controvérsia sobre sua atrevida capa (Tirada de uma capa de 1976 da revista “Hustler”). E como resultado, foram realizadas proibições antecipadas, e cópias do disco foram banidas de muitas lojas, obrigando a colocarem uma cobertura alternativa em cima para os lançamentos posteriores do álbum.
Mas enfim, sem mais delongas, vamos para a parte musical que é a que realmente nos interessa aqui, e neste quesito o disco não decepciona em momento nenhum, muitíssimo pelo contrário. O começo percussivo do baterista Steve Gorman conduz à faixa de abertura “Gone”, uma jam Rock And Roll sensacional de guitarra crua e que curiosamente soa como uma faixa áspera e não ensaiada, mas que ainda carrega um charme irresistível. “A Conspiracy” é semelhante, mas um pouco mais refinada, com um ótimo arranjo de guitarras entre Ford e Robinson, e um solo animal de organ hammond. “High Head Blues” é um delícioso Hard/Blues com uma pegada cadenciada nos versos até explodir no refrão de forma poderosa. O trabalho de percussão e das guitarras são brilhantes e roubam a cena aqui. “Cursed Diamond” é a primeira balada do álbum, embora inclua alguns instrumentos selvagens que realmente adquirem intensidade à medida que avançam, junto isso a uma interpretação incrível e apaixonada de Chris Robinson. “Nonfiction” tem uma forte sensação Country, e apresenta uma linda sensibilidade acústica levada com tons doces de slide guitar, acordeão, baixo, e teclados elegantes de Eddie Harsch. O próprio Harsch inicia “She Gave Good Sunflower” com um belo piano elétrico distorcido e muito inspirado nos anos 70, antes de se misturar com um arranjo de Rock e Soul mais característico do Black Crowes, com um incrível solo de guitarra com efeito wah wah, mais uma ótima faixa, e o nível do disco vai permanecendo no alto.

“Ballad In Urgency” é outra faixa completamente única do álbum, uma singela balada com tons de guitarra calmos e limpos, mas também potentes, em fraseados que combinam exatamente com o clima e a letra melancólica da canção. A música se dissolve em uma linda seção de piano acompanhado de ótimas levadas de baixo e guitarra. O destaque da sequência final do álbum, “Wiser Time”, é impulsionado pela excelente batida de Gorman, lindas guitarras slide de Rich Robinson, vocais em dupla, solos de dobro guitar, e piano elétrico, dando um maravilhoso clima Country/Blues, resultando na faixa com mais variedade e também no momento mais inspirado do disco na opinião do autor destas mal traçadas linhas. “Downtown Money Waster” contém um excelente piano boogie woogie, e slides acústicos junto com uma ótima percussão, enquanto Chris Robinson canta de forma sensacional, quase como se fosse um legítimo intérprete de Blues do Delta. E o álbum chega ao seu fim com “Descending”, uma lindíssima balada Rock/Soul com uma comovente melodia, regada a muita guitarras slide, até culminar num inspiradissímo e lindo piano.
Em considerações finais, “Amorica” é sem dúvidas um dos melhores discos de Rock dos anos 90 de uma das melhores bandas de Rock And Roll surgida nos últimos 30 anos. É Rock clássico cru e direto, “temperado” com excelentes doses de Blues, Soul e Country. Uma maravilhosa recomendação para todos os amante de uma boa música americana!
Republicou isso em REBLOGADOR.
CurtirCurtir
Meu álbum favorito do Black Crowes. Viciante, rock da mais pura qualidade.
Destaco: “Gone”, “A Conspirancy”, e “Ballad In Urgency”.
CurtirCurtir