
Em 2004, poucos teriam apostado que o Green Day seria a banda que iria criar e lançar um dos maiores sucessos do Rock no início do século 21, um disco divisor de águas na carreira do grupo, e um grande marco na música Pop da década passada, e que em 2019, está completando 15 anos de lançamento: O espetacular “American Idiot”.
O trio formado pelo guitarrista, vocalista e líder Billie Joe Armstrong, o batera Tré Cool, e o baixista Mike Dirnt, haviam concebido o disco “Cigarettes And Valentines” em 2002, para ser o sucessor de “Warning” (2000), mas as fitas master foram misteriosamente roubadas do estúdio, obrigando o trio juntamente com o produtor Rob Cavallo, a começarem um novo projeto totalmente do zero (Embora o próprio produtor alegasse que as músicas deste trabalho desaparecido eram completamente medíocres, o que na época fez muitos duvidarem desta história de furto). Mas mesmo com todo esse obstáculo à ser superado, a banda entrou novamente em estúdio, e tirou forças de um momento difícil e indeciso para criar uma ópera Pop/Punk Rock que foi muito inspirada nas peças temáticas que a lendária banda The Who realizou nos anos 60 e 70. Uma obra quase que conceitual, que relata a história de “Jesus of Suburbia”, um adolescente americano de classe média baixa, e um anti-herói. Através do desenrolar do enredo, o disco expressa a desilusão e a insatisfação de uma geração que cresceu em um período marcado por eventos tumultuosos como a Guerra do Iraque, e dos terríveis atentados terroristas que assombraram USA no início da década passada.

O disco contém grandes pérolas do Pop/Rock como a faixa título “American Idiot”, um Punk frenético de riff poderoso e refrão enérgico, num ataque claro e direto ao até então Presidente dos Estados Unidos na época, George W. Bush. Dois épicos inacreditáveis de 9 minutos cada: “Jesus Of Suburbia” e “Homecoming”, duas peças excepcionais e extremamente desafiadoras e evolutivas musicalmente falando para uma banda do estilo do Green Day, mas que ainda assim mantinham a essência cru do Punk, unindo simplicidade e genialidade! As duas unidas resultam em um pouco mais de 18 minutos de puro êxtase em que nenhum segundo é desperdiçado. E saindo um pouco do lado conceitual da obra, encontra-se canções sensacionais como o Rockão de “Holiday”, e as belas e inspiradas “Boulevard Of Broken Dreams”, e “Wake Me Up When September Ends”, três megas hits do álbum que ao mesmo tempo que se complementam, também podem funcionar com excelência cada uma por si. E ainda temos Punks “pancadas” incríveis como “St. Jimmy”, “She’s A Rebel”, e “Letterbomb”, e outro grande destaque para a sensibilidade Pop e acústica de “Give Me Novacaine”.

Com letras altamente politizadas e de protesto, em “American Idiot”, o Green Day de forma genial conseguiu criar uma obra emocionante, raivosa, mas ao mesmo tempo divertida, onde cada gancho e cada refrão eram uma revelação, e uma porrada na cara para fazerem todos chacoalharem e refletirem, seja negativamente, ou positvamente sobre a mensagem que a banda estava transmitindo em seu disco. O fato é que a América não teve como passar indiferente à “American Idiot”, um grande registro que através da música, fez algo para se sentir vivo e dar a cara a tapa em um dos tempos mais sombrios já vividos na história americana. Não era necessário colocar a granada na capa do álbum, pois por mais simbólica que seja, é a música presente em “American Idiot” que já estava destinada a explodir.