50 Anos da Consolidação dos Mutantes

1969, ainda no auge da era Tropicalista (apesar do exílio de Caetano e Gil), e os geniais Mutantes estavam com a corda toda. Após o acachapante disco de estreia, voltaram ao estúdio, mais maduros, e conceberam o já cinquentão “Mutantes”.

O tom épico, digno de um título como “Dom Quixote”, já apresenta a tônica do álbum. Os espetaculares arranjos orquestrais de Rogério Duprat (o maestro da Tropicália), as experimentações, a psicodelia e a brasilidade.

Aqui, Arnaldo, Sérgio e Rita levaram a experimentação sonora a outro nível. A bateria retumbante e a voz robótica da belíssima “Dia 36”, a ciranda lisérgica de “Mágica”, até a psicodelização total de um grande clássico do Rock ‘N’ Roll, “Banho de Lua”, uma afirmação de identidade desses audaciosos mutantes, “antropofágicos” por si sós.

Mas, alguns dos grandes momentos do disco acontecem quando unem-se a s raízes da Música Brasileira com o som evolutivo do trio. Isso é exemplificado na obra-prima, épica, divisora de águas, “2001”. Desde o início sertanejo, com a dupla “Zé do Rancho & Mariazinha”, é como se entrássemos num buraco negro. A união da tradição com o futurismo (em plena Corrida Espacial) cria um mundo quase onírico, que reverbera em nossa música até os dias de hoje.

Há de se destacar também os clássicos “Não Vá Se Perder Por Aí”, um Rock “inocente”, mas lotado de distorção, o jingle “Algo Mais” e a deliciosamente harmonizada “Rita Lee”, sinal da completa química do trio.

Ao final, voltam a brilhar os, cheios de camadas, arranjos de Duprat, na belíssima balada “Qualquer Bobagem”, gaguejada por Arnaldo, e na grandiosa “Caminhante Noturno”, que cria uma tensão, nos sentimos verdadeiros viajantes nessa sinuosa estrada, uma valsa psicodélica e Rock ‘N’ Roll.

Fazer um segundo disco, especialmente quando seu álbum de estreia é um dos maiores da história da Música Brasileira não deveria ser fácil. Mas os Garotos da Pompeia, ainda mais inventivos e audaciosos, entraram m estúdio para gravar algo ainda mais audacioso, seguindo a linha evolutiva iniciada pela Tropicália. Essa consolidação do grupo confirmou que ainda tinham muita história pra fazer, mas isso é assunto para outros textos!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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