
Depois de mais de uma década do lançamento do sensacional “Consolers Of The Lonely” (2008), o excelente supergrupo “The Raconteurs” retorna com um novo disco, batizado de “Help Us Stranger”.
É natural pensar que a qualidade de outrora já poderia não ser mais a mesma, devido à todo o tempo que se passou, e do tanto que o líder da banda, Jack White, produziu durante esse período (Inclusive iniciando e estabelecendo uma ótima e muito bem sucedida carreira solo). Mas Jack demonstra mais uma vez que é um músico de alto nível, um veterano mas ao mesmo tempo com jeito de novato por nunca deixar a peteca cair. É praticamente um poço de criatividade sem fundo, uma fonte de inovação que nunca seca, e que sempre deixa transparecer que sabe muito bem aquilo que está fazendo em sua música, e na forma de conduzir sua brilhante carreira. E a comprovação disso está justamente neste novo álbum do The Raconteurs, que mantém a discografia da banda em alto nível de qualidade!

O disco abre com “Bored And Razed”, que chega chutando a porta com um riff de guitarra espetacular e um andamento bem frenético (Tente imaginar ouvindo esse petardo dirigindo um carro numa estrada longa, ou melhor, tente viver essa experiência!). Em seguida, temos a quase faixa título “Help Me Stranger”, numa levada mais Folk e acústica, onde brilham os violões, embora a já facilmente reconhecida guitarra alucinógena de Jack se faça presente com solos tímidos porém muito bem encaixados no groove que a música exala. “Only Child” é uma ótima balada meio Country que sonoramente me pareceu uma espécie de irmã mais nova de outra grande balada da banda, chamada “You Don’t Understand Me” (Presente no já citado “Consolers Of The Lonely”). “Don’t Bother Me” trata muito bem de trazer a energia de volta num poderoso Rock and Roll com Jack cantando de forma bem visceral, e mais uma vez presenteando nossos ouvidos com deliciosos riffs e solos, e no final, a música vira praticamente uma Jam de Blues Rock, com Jack esmirilhando sua guitarra e um solo de bateria curto porém fantástico do batera Patrick Keeler.
Continuando em alto nível, “Shine The Light On Me” é uma criativa balada dark calcada num piano meio sombrio e “gótico”. A seguir, vem a maravilhosa (E na humilde opinião deste que vos escreve, a grande pérola do disco) “Somedays (I Don’t Feel Trying”), uma épica balada que alterna entre o Country e o Blues Rock, variando entre momentos mais calmos e pesados, com certeza uma composição e produção de grandiosa inspiração. “Hey Gyp” é um frenético Blues Rock banhado por intensos solos de guitarra e uma poderosa gaita dando um charme incrível pra faixa, enquanto que “Sunday Driver” é um incrível Rock and Roll alá Led Zeppelin com um riff de guitarra poderoso e intenso alá Jimmy Page (Ídolo máximo de Jack na guitarra), daqueles pra roqueiro nenhum ficar parado ou botar defeitos (Com certeza será um dos momentos mais enérgicos em shows). “Now That You’re Gone” é um Bluesão meio psicodélico muito criativo, onde mais uma vez temos Jack dando uma aula de guitarra muito bem tocada, e com muita personalidade própria.

O Hard Rock se faz presente em “Live A Lie”, em mais um grande momento de pura energia Rock and Roll: Riff espetacular, melodia cativante, peso envolvente, e mais todos os elementos necessários para um Rockão cativante (Outra que promete muita piração ao vivo). “What’s Yours Is Mine” é uma fantástica variação entre peso e groove, se equilibrando entre momentos mais pesados e funkeados, tudo comandado por incríveis guitarras e uma cozinha sensacional. E “Thoughts And Prayers” finaliza o disco numa sensibilidade acústica que a banda havia pouco produzido até então, com um belíssimo trabalho de violão, e um sublime arranjo de violinos muito criativo.
Concluindo, “Help Us Stranger” é um excelente disco de uma banda que parece que dificilmente irá errar em sua inconstante, porém brilhante trajetória. Um álbum que reúne com muito êxito inspirações e influências do Blues, do Country, e do Rock, e que deixa todos nós amantes do Rock and Roll felizes com mais um grande lançamento para o gênero (E também para todos aqueles bobões que insistem em dizer que o gênero morreu). E é claro que também trata-se de mais um grande tijolo na parede musical de um dos mais inquietos e criativos músicos de Rock que surgiram nos últimos 20 anos: Mr. Jack White. Altamente recomendado!