Após o fim do icônico supergrupo Cream, o mundo musical foi presenteado com muito mais discos fantásticos vindos desses três. Eric Clapton e Ginger Baker seguiram com o Blind Faith, e não era de se esperar que Jack Bruce ficasse parado. Seguindo todas as suas aspirações, ainda em 1969 ele lança “Songs For a Tailor”, que está completando 50 anos.

Como o maravilhoso início “Never Tell Your Mother She’s Out of Tune” (com o desconhecido auxílio luxuoso de Sir. George Harrison) já nos alerta, aqui Bruce usa e abusa de toda a sua bagagem musical. Ele, um virtuose e multi-instrumentista, demostra toda a sua inventividade.
O álbum é uma viagem pela (genial) mente de Bruce. O lirismo de “Theme For An Imaginary Western” (que sensibilidade melódica!), os toques progressivos de “Tickets To Water Falls”, cada qual em seu devido lugar.

Jack demonstra todo o seu background erudito no decorrer do disco, especialmente nos sublimes violoncelos de “Rope Ladder To The Moon”. Mas não pense que essa sofisticação o afasta do bom e velho Rock ‘N’ Roll (com boas pitadas de groove) e do Blues. Seu tributo ao R&B em “The Ministry Of Bag” e a irresistível “Boston Ball Game 1967” apenas comprovam essa sua (sempre presente) veia.
Ao final, temos uma de suas grandes composições, a singela canção folk “To Isengard”. De uma beleza ímpar, até explodir num complexo ritmo, com um solo “federal” de Bruce. O delicioso Blues-Rock de “The Clearout”, nos remetendo aos trabalhos anteriores mas apontando para o futuro, encerra o álbum de maneira exemplar.
Se existe alguma dúvida de que Jack Bruce é um gênio, uma audição desse álbum é suficiente para corrigir esse erro. E, ao contemplar essas “canções para um alfaiate”, temos certeza de que ele teceu-as com muito carinho!
