45 anos da maior disco-parceria da música brasileira.

Existem certas parcerias que, desde o embrião, não tinham como dar errado. Junte a que provavelmente é a maior intérprete da história da Música Brasileira, ao maior arquiteto e compositor da mesma, e terá Elis & Tom, um dos maiores marcos da MPB, que está completando 45 anos.

O álbum foi uma espécie de presente da gravadora Philips a Elis, por seus 10 anos de contrato. De prontidão, ela pediu para fazer um disco com o repertório e a participação do gênio Tom Jobim, e partiu para Los Angeles, com um time de músicos invejável (o pianista, arranjador e marido César Camargo Mariano, o violonista Hélio Delmiro, o baixista Luizão e o baterista Paulinho Braga).

A primeira faixa, por si só, já é uma das maiores gravações da música brasileira “Águas de Março”, num dos duetos mais lindos já gravados. Elis, com uma sutileza poucas vezes vista em suas performances, casa perfeitamente com o canto contido de Tom. Aqui, a tônica do álbum é apresentada, a mistura da Bossa Nova Tradicional com arranjos mais modernos e instrumentos eletrônicos (que, de primeira, causaram certa rejeição por parte de Tom).

Harmonias Jazzísticas estão por toda a parte, na magnífica “Só Tinha de Ser Com Você”, com um piano elétrico dando toda a cor do arranjo, até as cordas extremamente marcantes de “Modinha” (numa das grandes performances de Elis).

Rendições de Elis para os grandes clássicos da Bossa Nova não faltam, e são, bem, de uma beleza indescritível. “Triste”, “Corcovado”, “Brigas Nunca Mais”, com certeza João Gilberto (R.I.P) tirou o chapéu para essas versões!

Baladas de cortar o coração, como “Por Toda a Minha Vida” e “Soneto de Separação”, utilizam-se de seus glamourosos arranjos de cordas para criar um clima único, um mundo em si. O piano, sempre presente, e a voz de Tom são vitais, num encaixe musical perfeito, evidente no encerramento do disco “Inútil Paisagem”, uma das maiores performances de Elis. Só com piano e voz, ambos chegam a regiões estelares, num amálgama perfeito.

Por seu conteúdo musical e seu contexto, “Elis & Tom” é um dos maiores discos da história da Música Brasileira. Numa parceria que, além de consolidar Elis entre os “figurões” da MPB, apresentou Jobim a uma nova geração, numa roupagem que, ao mesmo tempo que respeita as raízes da Bossa Nova, o faz de maneira moderna. As eternas “Águas de Março”, seguem seu curso, guiando a jangada da inoxidável MPB!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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