O Led Zeppelin é uma daquelas bandas que possuem uma “discografia perfeita”. Claro que nem todos são um “Led IV”, ou um “Houses Of The Holy”, sua obra é perfeitamente coesa, representando perfeitamente a trajetória da banda, do início ao fim. Bem, esse “Fim”, chamado “In Through The Out Door”, completa hoje 40 anos.

Esse disco retrata bem a fase final da banda. Jimmy Page e John Bonham, à época totalmente afundados em seus vícios, aqui pouco participam . Robert Plant e John Paul Jones são os responsáveis por boa parte das composições, e realmente dão sua cara às canções. Logo no (bom) início de “In The Evening”, isso já fica aparente. Os teclados de Jones dominam o álbum, tendo, muitas vezes, mais espaço do que a guitarra de Page.
Eventualmente, o álbum se perde em canções “pseudo nostálgicas”, como em “South Bound Suarez” ou o empolgante Rock ‘N’ Roll de “Hot Dog”. São músicas que, embora divertidas, não são do padrão Led Zeppelin (que, nem precisa dizer, é altíssimo). Mas é interessante ver esse som mais “piano-driven” por parte da banda.
Os grandes destaques ficam, sem dúvidas, para os grandes hits do disco “Fool In The Rain” e a linda balada “All My Love”. A primeira, um shuffle irresístivel, com Bonham e seu tradicional groove sólido como uma rocha. Num interlúdio, temos uma espécie de samba (ou uma tentativa europeia de Samba), fantástico! Já a segunda, liderada pelo lick de sintetizador, é uma das canções mais bonitas da banda.
Outra música que merece destaque, ora positivo, ora negativo, é “Carouselambra”, um épico de mais de dez minutos. É um resumo da sonoridade do disco, lotada de teclados, literalmente um “carrossel” sonoro, contando até com um ritmo que lembra muito o Baião (olha a influência brasileira de novo). Ocasionalmente, se perde em sua pretensão. O que não acontece com o encerramento, “I’m Gonna Crawl”, uma balada “bluesy” que lembra os primórdios da banda, onde Page brilha, ao mesmo tempo que aponta para um futuro que nunca aconteceria.
“In Through The Out Door” é o encerramento perfeito para a discografia do Led Zeppelin. Não que seja um disco perfeito, longe disso, mas demonstra muito bem toda a trajetória e as mudanças, tanto pessoais dos integrantes quanto na sonoridade. Representa a triste, porem inevitável, passagem pela “porta de saída” de uma das maiores bandas da historia do Rock!
