
Há 45 anos, era lançado um dos mais importantes álbuns carreira de Milton Nascimento, “Milagre dos Peixes Ao Vivo” de 1974.
Depois de gravar o primeiro álbum do “Clube da Esquina”, Milton Nascimento emergia para o sucesso inevitável com uma série de apresentações públicas que marcariam a definitiva e radical transformação qualitativa em sua carreira. O show “Milagre dos Peixes” foi realizado e gravado ao vivo no Teatro Municipal de São Paulo, com uma Orquestra Sinfônica regida pelo Maestro Paulo Moura, arranjos escritos por Paulo Moura e Wagner Tiso, além da banda Som Imaginário, que tradicionalmente acompanhou muito o Milton nessa época, e estabeleceu um marco histórico na música brasileira.

Sendo assim, o célebre cantor e compositor mineiro desfila sua inigualável voz por um repertório que mescla canções do disco de estúdio “Milagre dos Peixes” (Que teve muito das letras censuradas na época) com canções de outros compositores. Os grandes destaques são “Sacramento”, “Pablo” e “Tema dos Deuses”. De Vinicius de Moraes e Carlos Lyra, “Sabe Você” ganhou uma versão bem sofisticada, enquanto que “Chove Lá Fora” de Tito Madi é outro grande destaque do disco. Um dos grandes momentos de “Milagre dos Peixes Ao Vivo” é “Cais”, uma lindíssima música parceria de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos dos tempos de “Clube da Esquina”, que conquista o ouvinte pela belíssima interpretação, tanto pelo divino arranjo, quanto pelo vocal de Milton (Que segundo Elis Regina, se Deus resolvesse cantar, provavelmente seria com a voz do grande Bituca).
Ainda mais importante que a performance inacreditável de Milton e da banda, é o subilme reportório aqui selecionado, com canções que falam sobre a esperança que nunca morre, ou sobre o milagre de estar vivo, apesar das tragédias que persistem, ou visões proféticas anunciadas por uma voz como nenhuma outra, tão eficazes com as letras, que você realmente não precisa entender para sentir o significado, com Milton cantarolando vocalizações sem palavras arrepiantes, em meio a brisas de cordas, naipe de metais, passagens de piano elétrico Jazzísticos, ou saxofones que inspiram progressões de acordes emocionantes e melodias fascinantes, com a banda Som Imaginário exibindo uma técnica e um bom gosto espetacular, com uma performance de tirar o fôlego, afinal estamos falando de um grupo formado só por músicos do mais alto calibre.

Um filme para o projeto chegou a ser rodado e exibido no Brasil e até em algumas partes do mundo, mas infelizmente nunca chegou a ser lançado por causa da forte censura que pairava sobre o país naqueles tempos. Infelizmente, o sonho vivido por Milton e companhia para o Brasil na época nunca se realizou, mas o belo e forte legado dessa música maravilhosa permanecem vivos até hoje muito por intermédio de sua incrível mensagem também. Com certeza pode ser considerado como um dos maiores ou talvez até o maior disco ao vivo da história da música brasileira!
Orquestra Sinfônica regida por Paulo Moura
Arranjos de Paulo Moura e Wagner Tiso
Conjunto Som Imaginário:
Luís Alves – Baixo
Robertinho Silva – Bateria
Toninho Horta – Guitarra
Nivaldo Ornelas – Sax-Soprano, Sax-Tenor e Flauta
Wagner Tiso – Piano e Órgão
