Os Talking Heads sempre estiveram na vanguarda. Passos à frente de boa parte dos mortais. Empurrando a música pop ao seu limite, e influenciando uma geração de músicos. Precisa de alguma prova disso? Bem, uma delas está completando 40 anos. Estamos falando do clássico “Fear Of Music” (1979).

Após o lançamento de outros dois discos icônicos (“Talking Heads: 77” e “More Songs About Buildings and Food”), eles se reuniram com o já habitual parceiro/produtor Brian Eno, e lançaram mais um álbum revolucionário.
Na década de 70, a África estava entrando no mapa musical mundial, principalmente pelo “Afrobeat” do gênio Fela Kuti. Essa influência já é sentida na primeira faixa, “I Zimbra”. Com percussões polirrítmicas, uma melodia quase tribal e uma letra completamente nonsense (do poeta dadaísta Hugo Ball), ela ainda conta com o auxílio luxuoso de Robert Fripp na guitarra (existe uma turma mais vanguardista que essa?). Impossível não ser infectado por essa massa rítmica (posteriormente, essa influência africana se manifestaria muito mais, mas isso é papo pra outro texto)!
A sonoridade do álbum é, ao mesmo tempo, esquisita e dançante. Toda a potência da cozinha, formada por Tina Weymouth e Chris Frantz, é escancarada. Desde “Papers”, com um lick marcante e hipnótico de guitarra, “Cities” e seu balanço quase Disco Music, até o petardo funky “Life During Wartime”, o principal single do disco. Aqui, a influência de Brian Eno (e seus sintetizadores) na sonoridade do grupo está mais nítida do que nunca.
O clima mais denso aparece em “Memories Can’t Wait”. A interpretação de David Byrne, ora monótona, ora selvagem, é algo a ser destacado. A música, inclusive, foi magistralmente regravada pelo Living Colour, em 1988.
As últimas faixas criam uma atmosfera quase distópica, com estruturas harmônicas incomuns, mas instigantes, que se alternam com elementos cativantes e pop. “Air” e sua melodia maravilhosa, a lindíssima balada “Heaven”, a loucura de “Animals”, tudo se encaixa perfeitamente, culminando na viajante “Drugs”, com Brian Eno, mais uma vez, comandando a “jam”, cheia de sintetizadores.
“Fear Of Music”, é, desde seu nome, um disco único. Representa a transição dos Talking Heads (que maturariam ainda mais seu som no disco seguinte, “Remain In Light”, o favorito deste que vos escreve), com doses cavalares de criatividade e experimentalismo. Em um de seus manifestos mais icônicos, essas “Cabeças Falantes” ainda têm muito a dizer, basta estar antenado!

O passado da sua irmã.
Cabeça virar tesoura.
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Meu passado
Música
Computador humano.
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