45 anos de “On The Beach”: O desabafo de Neil Young

Em 1974, Neil Young passava por um momento complicado. Estava descontente com as mazelas da fama, além de outros problemas pessoais, como a perda de dois grandes amigos devido ao vício em heroína: O guitarrista da Crazy Horse, Danny Whitten (cuja morte inspirou a lindíssima “The Needle and the Damage Done”) e o roadie Bruce Berry. Em meio a essa fase melancólica de Young, foi concebida uma de suas obras-primas, “On The Beach”.

O álbum possui uma sonoridade muito crua. Essa característica já aparece na abertura “Walk On”, um Rock à la Young, com camadas de guitarras distorcidas, mas uma melodia belíssima. Aqui, ele esbraveja contra os críticos e gravadoras, além de responder “Sweet Home Alabama” (que o Lynyrd Skynyrd escreveu em resposta à canção “Southern Man”)

A calmaria melancólica aparece em “See the Sky About to Rain”, um dos momentos mais acessíveis do disco, guiada por um marcante teclado, e belas inserções de slide guitar.

A partir de “Revolution Blues”, o álbum entra num turbilhão de sentimentos e sensações que só um gênio como Young pode nos proporcionar. Aqui, ele narra os assassinatos de celebridades realizados pelo famigerado maníaco Charles Manson, sob seu ponto de vista. É uma canção densa, com a guitarra em evidência. Como curiosidade, temos aqui a participação de Rick Danko e Levon Helm, da fantástica The Band.

A faixa-título do disco condensa bem todas as angústias de Young naquela época, sua relação com os fãs, a desilusão da fama, e outras frustrações. Essa é uma canção linda e “áspera” ao mesmo tempo como todo o disco, não tão palatável.

Anos 70, a perda da inocência com a queda do idealismo Hippie e Nixon no poder. Essa geração sentia que sua luta foi em vão. Tudo isso perturbava Young, que destila todos esses sentimentos nos mais de 8 minutos de “Ambulance Blues”. É um grande desabafo, com seu violão/gaita e lindas passagens de violino. Aqui, Neil, apesar de demonstrar uma nostalgia melancólica, se recusa a perder a relevância, numa de suas melhores e mais icônicas composições.

“On The Beach” é um disco brutalmente sincero e emocional. Faz parte de uma fase mais melancólica e “solitária” na carreira de Young. Aqui, temos a expressão de sua alma de maneira crua, sem grandes artifícios além de sua voz, violão/guitarra e sua palavra. E, vai por mim, Neil Young sempre tem algo a dizer!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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