
No mês de junho, foi lançado o novo álbum póstumo de Prince: “Originals”, lançado pelo espólio da lenda do Pop, em colaboração com a Warner Bros e a plataforma de streaming Tidal, do rapper Jay-Z, que invadiram os cofres de Paisley Park para reunir 15 faixas que Prince havia escrito para outros artistas. Com isto, esta coleção ganha uma aura admirável que funciona como uma cápsula do tempo fascinante da década de 1980.
Prince canta com vocais profundamente Country em “You’re My Love”, uma canção que ele escreveu para Kenny Rogers, enquanto que por outro lado, seus vocais afinados canalizam a experiência de ser uma mulher negra independente em “The Glamorous Life”, o hit que ele escreveu para a colaboradora frequente Shelia E. Hearing. Prince cantando duas músicas que são tão diferentes esteticamente, nos lembra o quão insanamente talentoso ele era, como um artista possuindo uma habilidade camaleônica de dominar praticamente qualquer gênero de música.
“Originals” entra em seu melhor momento quando Prince solta e abraça seu lado mais sarcástico. Do simbolismo meio sexual no balanço Synth-Funk de “Sex Shooter”, e na absolutamente maluca “Holly Rock”, onde Prince canta ao longo de uma batida que parece que foi trabalhada a partir de uma máquina de pinball psicodélica. Honestamente falando, é uma vergonha que Prince tenha dado essas faixas para outros artistas. Embora os sintetizadores e os solos de guitarra indulgentes presentes em muitas dessas músicas dão a estas uma aura datada, e de terem se tornados provavelmente produtos lados B se tivessem sido lançadas originalmente pelo músico na década de 80, ainda assim a música em presente em “Originals” é muito preciosa.

O Funk experimental bruto de “Wouldn’ “You Love To Love Me” (escrita em 1981 para a cantora Taja Seville), bate de frente com lançamentos de 2019 como “Igor”, do rapper Tyler, The Creator, e “Apollo XXI” de Steve Lacy. Só o fato de você poder ouvir Prince tão obviamente canalizado ao ouvir esses dois artistas negros modernos, é um poderoso lembrete de quão à frente de seu tempo sua música era.
Muitas das músicas desta compilação têm uma inocência brincalhona e é bem claro para todo fã o quanto que Prince gostava de escrever músicas para outros artistas, vendo nisso muito mais como uma oportunidade de ser mais experimental e livre, em vez de uma tarefa friamente técnica. Você quase pode sentir o sorriso radiante que Prince estava enquanto cantava o tema original de “Manic Monday” (O grande sucesso que ele escreveu para The Bangles, e é um dos destaques aqui) enquanto “Jungle Love” (Um sucesso que Prince escreveu para The Time) é reflexo de uma era onde a música era pra fazer você dançar primeiro e pensar em segundo, o disco finaliza com uma versão maravilhosa de “Nothing Compares 2 U”, grande clássico imortalizado por Sinéad O’Connor. Ambas as três faixas são contagiantes, e se esta coleção é um indicador da qualidade das milhares de horas de música inédita que Prince ainda tem guardado nos cofres, então não fiquemos surpresos se ainda estivermos festejando músicas novas de Prince até 2099.
Prince nos deixou há 3 anos, mas o seu legado não para de crescer e surpreender.